A rede social X, ex-Twitter, está correndo para atrair pequenas e médias empresas para sustentar sua receita publicitária em declínio, após o ataque repleto de palavrões de Elon Musk, dono da companhia, às grandes marcas que estão boicotando a empresa depois de o bilionário apoiar um post antissemita.
O bilionário acusou de “chantagem” anunciantes como Disney, IBM e Apple, que interromperam os gastos com a X. Ele disse aos ex-anunciantes para “se foderem” após suspenderem ou cancelarem a veiculação de campanhas na rede social.
Depois das declarações de Musk, a X está intensificando os investimentos para atrair médias e pequenas empresas, buscando assim compensar a perda de receita que o dono da X disse que “vão matar a empresa”.
“Pequenas e médias empresas são um motor muito significativo que definitivamente subestimamos por muito tempo”, disse a empresa ao Financial Times. “Isso [era] sempre parte do plano —agora iremos ainda mais longe com isso.”
Já neste mês, X tem estabelecido parcerias, como a startup de marketing dos EUA JumpCrew, para terceirizar algumas vendas de anúncios para segmentar pequenas e médias empresas, disse a empresa.
Ela acrescentou que esse aumento agora será acelerado, juntamente com planos para desenvolver mais serviços de assinatura e licenciamento de dados.
Depois dos palavrões de Musk, a rede de supermercados Walmart comunicou que não anunciará mais na rede social. Em novembro, diversos anunciantes anunciaram suspensão ou cancelamento de campanhas, além de organizações como o governo dos EUA e a Comissão Europeia, após Musk concordar com um usuário que afirmou que os judeus alimentavam o ódio contra os brancos.
De acordo com o jornal The New York Times, a X pode perder até US$ 75 milhões em receita por causa do post antissemita, citando documentos internos vazados. A rede social contestou o número ao FT, estimando que a queda foi entre US$ 10 milhões e US$ 12 milhões.
A aquisição de US$ 44 bilhões do chefe da Tesla no ano passado também sobrecarregou a empresa com enormes pagamentos de juros sobre a dívida, no valor de mais de US$ 1 bilhão anual. No mês passado, a X informou aos funcionários que avaliava o patrimônio líquido da empresa em apenas US$ 19 bilhões.
Um ex-executivo sênior de vendas da X afirmou que Musk teria que fazer uma escolha entre manter uma grande equipe de anúncios ou se voltar para soluções mais baratas, como terceirizar ainda mais as vendas e adotar uma plataforma automatizada de “autoatendimento para pequenas empresas”.
Essa mudança seria difícil, acrescentou o ex-executivo, já que a oferta de anúncios da X para empresas fica atrás de concorrentes como Meta, Google e TikTok devido à ausência histórica de “compromisso em construir uma plataforma de anúncios de referência mundial”.
Alguns executivos do setor disseram que uma mudança na estratégia de publicidade ajudaria, pois há setores menos propensos a se importar com as palavras de Musk, como sites de apostas esportivas. Alguns influenciadores de direita, como Andrew Tate, prometeram gastar milhões em publicidade na plataforma.
No entanto, outros executivos do setor acrescentaram que o último surto de Musk provavelmente levaria a novas suspensões nos gastos.
“Os profissionais de marketing têm várias plataformas importantes para escolher e tendem a se inclinar para aquelas que não te mandam se foder”, afirmou Jonathan Miller, CEO da Integrated Media, especializada em investimentos em mídia digital.
Linda Yaccarino, CEO da X contratada por Musk por seus relacionamentos importantes com o mundo da publicidade, foi bombardeada por ligações de amigos e associados no último fim de semana durante o casamento de sua filha, segundo várias pessoas familiarizadas com o assunto. Eles a pressionaram a deixar o cargo para proteger sua reputação.
Na noite de quinta-feira (30), Yaccarino, em vez disso, enviou um email para toda a empresa aplaudindo a postura da X na luta contra a “censura” e afirmando que Musk compartilhou uma perspectiva e visão para o futuro “incomparáveis e completamente sem verniz”.
“Nossos princípios não têm preço, nem serão comprometidos —nunca”, ela escreveu. “E não importa o quanto eles tentem, não seremos distraídos por críticos secundários que não entendem nossa missão”.