O maior evento de tecnologia da Europa, o Web Summit, voltou ao Rio de Janeiro para a sua segunda edição, agora com um público maior. São 30 mil pessoas no Riocentro, contra 21 mil no ano passado.
A organização, dividida entre irlandeses e portugueses, repete o êxito de público mesmo com uma lista de palestrantes mais modesta em termos de renome internacional.
Em 2023, o evento reuniu a informante do Wikileaks Chelsea Manning, a então cientista-chefe do Google para IA Cassie Kozyrkov e o pesquisador Ben Goertzel, um dos principais teóricos sobre a singularidade —estágio teórico em que as máquinas superam a humanidade.
Neste ano, ganharam destaque empresários locais. As duas palestras mais comentadas do dia tiveram como atrações a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e o diretor da gigante dos chips Nvidia na América Latina, Márcio Aguiar. A reflexão ética sobre o uso de IA ficou por conta do professor da PUC-SP e influenciador Mário Sergio Cortella.
A lista de participantes mostra como o setor de tecnologia no Brasil está fortemente ligado ao setor financeiro. Executivos de Nubank, Itaú, Bradesco e de outros bancos e empresas de pagamento também estão previstos no evento.
Na área da inteligência artificial, que o Web Summit destaca em sua divulgação, representantes locais de grandes empresas ganharam destaque.
Aguiar, da Nvidia, afirmou que o Brasil ainda tem tempo para construir as próprias soluções de IA e ser soberano no uso da tecnologia. Como exemplo, destacou a parceria que a empresa mantém com um laboratório da Universidade Federal de Goiás, que tem desenvolvido modelos de linguagem e oferecido cursos profissionalizantes. “Os goianos são referência quando se trata do tema”, disse.
Nesta terça, o presidente do Google Brasil, Fábio Coelho, falará sobre como usar IA para melhorar o futuro com a jornalista Angélica Mari. Coelho tem sido o porta-voz do Google no que tange regulação de inteligência artificial e também de plataformas sociais e de busca.
A curadoria diminuiu o espaço para teóricos da inteligência artificial para debater temas mais concretos como regulação, aplicação em negócios e empreendedorismo. No entanto, nenhum executivo de peso global veio ao país para essa discussão.
Na abertura, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) destacou a geração de empregos “para milhares de cariocas” com o evento na cidade. “Mostramos que o carioca está a par das discussões mais atuais no mundo.”
Paes também afirmou que o Rio de Janeiro está de braços abertos para receber profissionais de tecnologia de todos os cantos. A capital fluminense é um dos destinos favoritos dos nômades digitais.
Se os grandes nomes do debate de inteligência artificial diminuíram, o espaço para ambiente, diversidade e governança (os três eixos da sigla ESG) cresceu.
O Web Summit Rio 2024 registrou um número recorde de mulheres fundadores de startups para qualquer edição já feita do Web Summit —45%.
Na quarta (17), o evento vai discutir efeitos da tecnologia sobre eleições e sobre o debate público. A sustentabilidade do jornalismo será tema em mesa com o colunista da Folha e fundador do canal System Update, Glenn Greenwald.
Empresas do setor energético como EDP e Vibra também montaram grandes estandes no evento. A Vibra, por exemplo, promove um desafio para ligar lâmpadas com o pedalar de uma bicicleta. O debate está agendado para a próxima quinta (18), mesmo dia de outras mesas sobre sustentabilidade.
O jornalista viajou a convite do Web Summit