Afinal, Albert Einstein detonou mesmo o Brasil quando visitou o Rio?

Comunidades judaicas da América do Sul tiveram papel importante na vinda dele. Elas fizeram os primeiros convites ao cientista e queriam mostrar que havia judeus intelectuais por aqui, não só comerciantes, visto que a maioria judaica no país à época era imigrante e trabalhava no comércio.
Ele fez comentários polêmicos. “Aqui sou uma espécie de elefante branco para eles, e eles são macacos para mim”, escreveu em um de seus diários. O mesmo termo foi usado para falar de Aloysio de Castro, então chefe da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. A impressão ficou pelo alarde feito por políticos e militares diante de sua presença no país.
Mas o termo não tinha a mesma conotação de hoje. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Alfredo Tolmasquim, autor do livro “Einstein: O Viajante da Relatividade na América do Sul”, disse que a palavra “tinha relação com uma atitude boba, tola, de macaquice”. Mas o racismo científico era presente, e ele tinha preconceitos com povos latinos. Na época, a maioria dos europeus acreditava que o clima quente e úmido dos trópicos era prejudicial ao intelecto.
O barulho o incomodou. “Sua primeira palestra pública sobre a relatividade foi proferida no Clube de Engenharia e contou com a presença de embaixadores, militares de alta patente, ministros, prefeito, engenheiros proeminentes e médicos. Aparentemente, as janelas foram deixadas abertas e o barulho da rua era ensurdecedor. Portanto, a palestra fez ‘pouco sentido científico'”, destacam documentos. Einstein demonstrou seu “desejo irresistível de sossego longe de tantas pessoas desconhecidas”, segundo os relatos, e começou a contar os dias para retornar à Europa.
Na gastronomia, negou feijoada, mas comeu vatapá. Einstein provou goiaba no café da manhã e gostou, curtiu tanto beber pinga que repetiu alguns copos, rejeitou experimentar a feijoada brasileira —porque tem carne de porco, alimento que não é consumido por judeus—, mas aproveitou vatapá com pimenta, algo que foi noticiado pelo O Jornal.
Einstein também elogiou o Brasil
Um dia antes de partir, o cientista assistiu a um filme sobre o trabalho de Cândido Rondon com populações indígenas. Sobre ele, escreveu: “Permitam-me chamar a atenção para as atividades do general Rondon porque minha visita ao Brasil me deu a impressão de que este homem é altamente merecedor do Prêmio Nobel da Paz”.