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Serviços de games por assinatura são ruína da indústria? – 24/01/2024 – Tec

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Philippe Tremblay, diretor de assinaturas da Ubisoft, foi condenado sumariamente pelo impiedoso tribunal das redes sociais ao afirmar que os consumidores precisam se acostumar a não serem donos de seus próprios jogos para que os serviços de assinatura de games prosperem na indústria.

A declaração desastrada do executivo ao site GamesIndustry.biz, porém, também iniciou um interessante debate sobre qual será o papel desses serviços para o futuro da indústria de jogos virtuais.

O que ele disse: “Os jogadores estão acostumados, um pouco como o DVD, a ter e possuir seus jogos. Essa é a mudança nos consumidores que precisa acontecer. Essa é uma transformação que tem sido um pouco mais lenta [nos jogos]. […] Trata-se de se sentir confortável em não possuir seu jogo”.

Como estamos hoje: há mais de uma dezena de serviços de assinatura de games no mercado, disponíveis para todas as principais plataformas, com os mais diversos valores e catálogos.

  • As donas desses serviços disponibilizam uma seleção de seus jogos para os assinantes. Além disso, podem fechar acordos com outros desenvolvedores para, por um valor pré-acordado, disponibilizar seus títulos por um determinado período.

É dessa forma que funciona o Xbox Game Pass, o principal serviço de assinatura de games do mercado. Disponível para usuários de PC e consoles Xbox, o serviço da Microsoft conta com mais de 25 milhões de assinantes (dados de janeiro de 2022).

Outras marcas oferecem serviços próprios de assinatura de games, como Nintendo (Nintendo Switch Online) e Sony (PlayStation Plus); gigantes da tecnologia, como Apple (Apple Arcade), Google (Google Play Pass) e Amazon (Luna+); e grandes publishers, como Eletronic Arts (EA Play) e a própria Ubisoft (Ubisoft+), para ficar nos principais.

A controvérsia

A multiplicação desses serviços suscita questionamentos de desenvolvedores independentes, como Swen Vincke.

O fundador e CEO do Larian Games –desenvolvedora de “Baldur’s Gate 3”, um dos maiores sucessos de crítica e público de 2023– é um duro crítico desses serviços de assinatura e já afirmou que nunca irá disponibilizar “Baldur’s Gate 3” em um deles.

Ao comentar no X a declaração de Tremblay, ele fez uma análise pessimista de um hipotético futuro da indústria em que esses produtos dominassem a distribuição de games.

  • “Seja qual for o futuro dos games, o conteúdo sempre será o rei. Mas será muito mais difícil obter um bom conteúdo se as assinaturas se tornarem o modelo dominante e um grupo seleto decidir o que vai para o mercado e o que não vai”.

  • “Serviços de assinatura sempre acabarão sendo exercícios de análise de custo/benefício destinados a maximizar o lucro. Não podemos ter um monopólio de serviços de assinatura. […] Em um mundo assim, por definição, eles determinarão quais jogos serão feitos.”

Em um passado não tão distante…

O futuro distópico previsto por Vincke na verdade existiu. Em uma era pré-Steam, em que os jogos eram distribuídos de forma física (em cartuchos ou CDs), o mercado de games era dominado pelas grandes publishers e desenvolvedoras, que funcionam como “gatekeepers” e definiam que jogos chegariam ou não ao público.

Foi só em meados dos anos 2000, com a popularização da internet e das plataformas de distribuição digital de games, que os desenvolvedores independentes encontraram uma forma rápida e barata de distribuir seus jogos. Foi a partir daí que o mercado de games se expandiu para gêneros e temas diferentes, aumentando sua diversidade e alcançando um público cada vez maior.

Herói ou vilão?

Apesar do crescimento apresentado nos últimos anos, os serviços de games por assinatura estão longe de se tornarem predominantes no mercado. E isso dificilmente acontecerá tão cedo.

“O crescimento da assinatura estagnou, e os serviços de assinatura em consoles e plataformas de PC representam apenas 10% dos gastos totais com conteúdo de games nos EUA. A ideia de que as assinaturas se tornarão dominantes não é respaldada pelos dados”, afirmou no X Mat Piscatella, diretor executivo e analista da indústria de games da Circana, em uma crítica velada à apreensão de Vincke.

“Os serviços de assinatura têm sido mais aditivos do que canibalísticos e oferecem aos jogadores, desenvolvedores e publicadores mais opções de como jogar ou como entrar no mercado”, completou.

De fato alguns jogos de médio porte lançados nos últimos anos, que poderiam muito bem passar batido em um mercado saturado, ganharam relevância e destaque graças à presença em serviços de assinatura.

São os casos de “Hi-Fi Rush”, da Tango Gameworks; “Pentiment”, da Obsidian; e “Stray” (mais conhecido como jogo do gatinho), da BlueTwelve Studio. Todos disponibilizados desde o lançamento em serviços por assinatura.

Mesma coisa com “Starfield”, um dos únicos jogo de primeiríssima linha lançado ao mesmo tempo em um serviço de assinatura e para venda convencional. Disponibilizado para assinantes do Xbox Game Pass, o game conseguiu um sucesso considerável em vendas na Steam, mostrando que, ao menos aparentemente, uma plataforma não canibalizou a outra.

O temor de Vincke,então, parece infundado. A evolução tecnológica que viabilizou o crescimento do número de estúdios e desenvolvedores indies não deixará de existir, e a aposta de alguns executivos em serviços por assinatura vem se mostrando um tanto quanto exagerada. Da maneira como funcionam hoje, esses serviços parecem fazer mais bem do que mal ao mercado de games.


Play

dica de game, novo ou antigo, para você testar

Prince of Persia: The Lost Crown

(PC, PS 4/5, Xbox One/X/S, Switch)

Lançado no último dia 18, esse novo “metroidvania” –mistura de plataforma, ação e exploração em um cenário 2D– vem chamando a atenção de muita gente. E não é por acaso. Para renovar a tradicional série “Prince of Persia”, a Ubisoft se inspirou e grandes jogos recentes do gênero (como “Hollow Knight”, “Ori and the Blind Forest” e “Metroid Dread”) e criou uma aventura única, com controles precisos, combate frenético e história envolvente. O ponto negativo fica por conta dos bugs, frequentes pelo menos na versão para Switch que testei na última semana. Espero que as próximas atualizações resolvam o problema para que esse ótimo jogo possa ser aproveitado como se deve.

O jornalista recebeu uma cópia do jogo com acesso antecipado para teste.


Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • A pesquisa anual da GDC sobre a indústria de games apontou que 35% dos desenvolvedores de jogos foram afetados de alguma forma por demissões no último ano. Segundo o levantamento, que ouviu mais de 3.000 profissionais de todo o mundo, 7% dos entrevistados afirmaram terem sido demitidos, 17% responderam que tiveram colegas cortados e 11% relataram cortes em outros departamentos de suas empresas.

  • O mesmo levantamento apontou que 49% dos desenvolvedores já usam algum tipo de ferramenta de IA em seu trabalho. A tecnologia, porém, é mais empregada em áreas secundárias, como finanças (44%), comunicação (41%) e gestão (33%), e menos em criação, como escrita/roteiro (13%), artes visuais (16%) e áudio (14%).

  • Ainda sobre a pesquisa da GDC, 8% dos desenvolvedores afirmaram que estão trabalhando em jogos para o sucessor do Switch, apesar de a Nintendo até agora não confirmar planos para lançamento de um novo console.

  • O Thunderful Group, conglomerado sueco que publica jogos como “Planet of Lana” e a série “Steamworld”, anunciou que reduzirá 20% do seu pessoal para “fortalecer sua posição no longo prazo”. Segundo a empresa, as demissões são resultado de um “investimento exagerado” feito nos últimos anos.

  • A Square Enix confirmou ao site VGC que utilizou IA generativa em seu novo game multiplayer “Foamstars”. O produtor Kosuke Okatani afirmou à publicação que a maior parte do conteúdo foi feito à mão por artistas humanos, mas que alguns ícones presentes no jogo foram feitos no Midjourney, popular ferramenta de criação de imagens por IA.

  • A Suprema Corte dos EUA recusou os pedidos de no processo que a Epic Games moveu contra a Apple por cobrar comissão de 30% de todas as vendas realizadas em seus aparelhos, encerrando a batalha judicial. Apesar de a Apple ter de fazer algumas concessões, o CEO da Epic, Tim Sweeney, considerou a luta perdida.

  • O jogo “Hogwarts Legacy”, inspirado no universo de Harry Potter, desbancou “Call of Duty” e ficou em primeiro lugar em vendas nos EUA em 2023, segundo a consultoria Circana. A empresa não contabiliza vendas digitais de algumas publishers, como a Nintendo. Ainda assim, “The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom” ficou em quinto lugar (a lista completa está aqui).

  • A versão em acesso antecipado de “Palworld”, que ficou conhecido nas redes sociais por ser uma espécie de “Pokémon com armas” e pelas piadinhas de quinta série com seu nome, chegou a 1,5 milhão de jogadores simultâneos na Steam, superando títulos como “Elden Ring”, “Cyberpunk 2077” e “Hogwarts Legacy”. Segundo os desenvolvedores, foram vendidas mais de 5 milhões de cópias do game.

  • Em evento virtual da Xbox, o estúdio MachineGames revelou detalhes do novo game do Indiana Jones, em desenvolvimento para PCs e consoles da Microsoft. “Indiana Jones and the Great Circle” será um jogo de ação/aventura em primeira pessoa com lançamento previsto para este ano.

  • A Sony lançou na última semana a versão slim do PlayStation 5 Edição Digital. A nova versão do console chega às principais lojas de varejo por R$ 3.799,90, valor com desconto de R$ 200 se comparado ao preço sugerido para a versão inicial do console.

Download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

25.jan

“Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy”: R$ 213 (PC), R$ 239 (Xbox One/X/S), R$ 244 (Switch), preço não disponível (PS 4/5)

“Devil Inside Us: Roots of Evil”: R$ 49,99 (Switch), preço não disponível (PS 4/5, Xbox One/X/S)

“Hidden Through Time 2: Myths & Magic”: R$ 33,49 (Switch), preço não disponível (PS 5, Xbox X/S)

“Hitman: Blood Money – Reprisal”: R$ 42,99 (Switch)

26.jan

“Like A Dragon: Infinite Wealth”: R$ 349 (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S)

“Tekken 8”: R$ 269,90 (PC), R$ 349,90 (PS 5, Xbox X/S)



Visto primeiro na Folha de São Paulo

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