quem vai ao jantar cripto de Trump?

Investidores que compraram a memecoin TRUMP, criada pelo presidente dos EUA em janeiro deste ano, viram seu dinheiro evaporar. A criptomoeda despencou cerca de 80% desde que registrou seu pico de US$ 73 após o lançamento, deixando a maioria dos investidores no prejuízo.

Apesar do tombo, os 220 maiores compradores do token ganharam um “prêmio de consolação”: o direito de jantar com Donald Trump na próxima quinta-feira (22), dia de um evento importante para o mercado cripto, e de fazer um tour pela Casa Branca. As 25 pessoas com mais criptos ainda poderão participar de um coquetel VIP com o polêmico presidente do EUA.

”Tenha um jantar com o presidente Donald Trump. É o convite mais exclusivo do mundo”, diz o site do evento.

Possíveis candidatos ao jantar

O jantar pode ter alguns convidados bem inusitados, a começar pelo empresário chinês Justin Sun, fundador da blockchain Tron (TRX). Ele ficou conhecido no mundo todo ano passado por pagar mais de R$ 36 milhões por uma banana presa por fita na parede – e depois comê-la.

Especula-se que uma carteira cripto nomeada ”Sun” – com 1,4 milhão tokens avaliados em US$ 19 milhões, segundo dados levantados pelo portal Decrypt – pertença a HTX, uma exchange com fortes laços com Justin. O The Wall Street Journal e o The New York Times foram atrás de Sun e da corretora para comentar, mas nenhum deles respondeu.

Sun, que chegou a ser alvo de um processo de fraude da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) – encerrado em fevereiro deste ano -também investiu US$ 75 milhões em outro empreendimento cripto de Trump, a World Liberty Financial, segundo o WSJ.

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Outro possível candidato do jantar é o pessoal da MemeCore, uma startup de Singapura que desenvolve uma plataforma para criadores de memecoins. Sua carteira tem US$ 17,4 milhões em criptos presidenciais. A Cherry Hsu, diretora de desenvolvimento de negócios, disse para o WSJ que o objetivo é ir até o jantar para estreitar lanços.

Outro convidado é o especialista em cibersegurança conhecido pelo pseudônimo “Ogle”, conselheiro da World Liberty Financial, que tem US$ 3,1 milhões em TRUMP. Ele costuma aparecer em vídeos com um lenço e óculos escuros, escondendo o rosto. Ele diz que precisa manter o anonimato para se proteger de criminosos virtuais.

”Ato mais corrupto”

Organizações de fiscalização do governo e parlamentares democratas criticaram o jantar e os projetos cripto do presidente do EUA. Segundo eles, o evento pode violar regras federais que proíbem o recebimento de presentes por autoridades, além de permitir que estrangeiros anônimos comprem acesso ao presidente.

“É um pesadelo ético”, disse Norm Eisen, ex-conselheiro especial da Casa Branca para ética e reforma governamental no governo Obama, para o WSJ.  O grupo de vigilância Accountable.US falou que a empreitada cripto de Trump “abre a porta para compra de acesso ao presidente, enquanto enriquece afiliados”.

O senador democrata Richard Blumenthal abriu uma investigação para verificar se os empreendimentos com ativos digitais de Trump violam os requisitos éticos do governo, enquanto os senadores democratas Chris Murphy e Jeff Merkley apresentaram projetos de lei para proibir que presidentes e congressistas lucrem com criptoativos, segundo a Reuters.

”A memecoin de Trump é o ato mais corrupto alguma vez cometido por um presidente”, disse o senador Murphy para a agência de notícias.

Em entrevista recente à NBC News, Trump negou estar ganhando dinheiro com a criptomoeda. “Não estou lucrando com nada, disse. “Se eu fizer um bom trabalho e o mercado subir, acho que isso é um lucro”, completou.

Alta de 63% no mês

Mesmo longe de seu auge, a TRUMP subiu de US$ 7,95 há um mês para US$ 13 na manhã desta sexta-feira (16), uma valorização de 63%, segundo dados da CoinMarketCap. Parte dessa alta estaria relacionada justamente ao jantar e a outros eventos promovidos por Trump.

Especialistas alertam que investir no token de Trump é altamente arriscado, dado seu caráter especulativo, extrema volatilidade e forte associação política, o que cria uma relação entre risco e retorno bastante assimétrica.

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