é preciso um debate sobre perspectivismo indígena

Por exemplo, diante da crise ecológica, o naturalismo divide ou soma os pontos de vista —da religião ou ciência, da biologia ou física. Já os perspectivistas perguntam: Qual mundo virá a acontecer? Qual mundo estamos criando?
Esse método, chamado equivocação controlada, transforma o pesquisador em um diplomata e intérprete, fluente em múltiplos mundos. Sua tarefa é comparar diferenças e equívocos que surgem da interpenetração de realidades distintas.
E como diferenciar a leitura por equivocação de uma leitura equivocada (mal-intencionada, imprecisa ou falsa)?
O perspectivista —que não é relativista, mas relacional— tem como desafio de incorporar os saberes e as práticas dos povos originários sem distorcê-los, corrompê-los ou apropriar-se indevidamente deles.
No artigo “Narcisismo Ontológico e Etnocídio na Área Psi” (2024) da revista, a terapeuta junguiana e professora de antropologia Amnéris Maroni, da Unicamp, acusa os psicanalistas assassinarem os saberes dos povos originários (etnocídio) ao ficarem enclausurados no naturalismo clássico.
Segundo ela, meu texto ‘Mal-Estar, Sofrimento e Sintoma’ (2005) associa “a ontologia animista à diagnóstica da psicopatologia moderna”, tornando, nas palavras dela, o modo de existir dos indígenas irrelevante, resíduo no diagnóstico moderno e uma explicação para a psicose.