Produtividade aumenta entre profissionais em home office, mas bem-estar está em queda, diz pesquisa
Pesquisa aponta que o senso positivo de produtividade nem sempre está alinhado à percepção de equilíbrio e bem-estar do colaborador. Home office foi adotado amplamente pelas empresas na pandemia, que já dura mais de um ano
Reprodução/RPC
Passado mais de um ano do início das restrições por conta da pandemia, pesquisa mostra que houve aumento na percepção de que a produtividade no home office é maior que no trabalho presencial, mas profissionais apontam dificuldades no bem-estar e no equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
Mais de 58% dos respondentes afirmaram ser mais produtivos ou significativamente mais produtivos em home office. Na primeira pesquisa, realizada em 2020, esse índice ficou em torno de 44%. Considerando somente a opção “significativamente mais produtivo”, as mulheres tiveram uma proporção de respostas de 29,1%, contra 18,1% entre os homens.
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A pesquisa foi feita pela Fundação Dom Cabral em parceria com a Grant Thornton e a Em Lyon Business School com 1.075 respondentes, no período de 15 a 29 de março.
Entre profissionais em postos de gerência ou liderança, apenas 13% das respostas apontam para patamares menores ou significativamente menores de produtividade no trabalho remoto. Entre profissionais de nível hierárquico mais elevado, essa proporção atingiu 22,4%.
Com relação aos desafios do trabalho remoto, a pesquisa revela que o senso positivo de produtividade nem sempre está alinhado à percepção de equilíbrio e bem-estar do colaborador. Entre as opções oferecidas aos pesquisados para identificar os principais obstáculos do home office, as que mais se destacaram foram:
A pesquisa buscou saber ainda quais os receios quanto à continuidade do trabalho remoto. Para 20,6% o maior deles é a perda de convívio social, seguida de maior carga de trabalho no modelo remoto (15,5%) e piora de comportamento por ausência de convívio (13,5%).
maior volume de horas trabalhadas, apontado por 24%
dificuldade de relacionamento, apontada por 16%
dificuldade de comunicação, apontada por 16%
equilíbrio com demandas pessoais, apontado por 14%
Ou seja, teme-se pela continuação de uma carga de trabalho elevada que cause ou reflita a dificuldade de equilibrar vida pessoal e profissional. Além disso, a continuidade da situação que impõe o trabalho remoto faz com que a perda do convívio e seus consequentes prejuízos perdure.
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Pandemia traz esgotamento
De acordo com Fabian Salum, professor da Fundação Dom Cabral, na primeira edição da pesquisa, no início da pandemia em 2020, os entrevistados percebiam a experiência do trabalho remoto como positiva, mas já existia uma preocupação em relação à administração das tarefas de trabalho e das de ordem pessoal, tanto do ponto de vista organizacional quanto de relacionamento com as pessoas.
“Depois de um ano, constatamos a concretização de alguns receios e como a percepção sobre o aumento da produtividade no trabalho remoto mostra seu custo, quando o assunto é equilíbrio e bem-estar. Os comentários dos respondentes apontam para um esgotamento mental que envolve tanto a situação crítica própria da pandemia quanto os desafios mencionados. Por isso, não podemos nos deixar seduzir pela alta produtividade. Faz-se necessários ajustes nos três níveis: organização, equipes e indivíduos”, diz.
Para Ronaldo Loyola, sócio da área de Capital Humano, da Grant Thornton Brasil, a pesquisa traz informações importantes sobre quais pontos devem passar a ser foco de atenção nas relações de trabalho a partir de agora, principalmente por parte das lideranças empresariais.
“A experiência acumulada ao longo de um ano de trabalho remoto por conta da pandemia, com todo o processo de mudança ao qual a cultura organizacional foi submetida, precisa ser canalizada para a preservação do bem-estar na gestão do capital humano, a fim de manter o engajamento das pessoas com relação aos resultados da organização”, avalia.
A maior parte dos respondentes (87,3%) iniciou suas atividades de trabalho remoto como medida de contenção da disseminação da Covid-19. O perfil dos respondentes se caracteriza pela localização predominante na região Sudeste do país, especialmente em São Paulo (48,3%) e Minas Gerais (16,8%). Enquanto a edição de 2020 teve 18 estados representados, a edição de 2021 contou com a participação de respondentes de 23 estados brasileiros. As capitais representaram cerca de 75% do total de respostas válidas.
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