Há dois anos, a OpenAI deu início à febre dos chatbots com o lançamento do ChatGPT. Agora, a empresa espera gerar interesse em uma nova onda de tecnologia de inteligência artificial.
Na quinta-feira (23), a OpenAI apresentou uma ferramenta chamada Operator, que pode acessar a internet e realizar tarefas de forma autônoma, como fazer compras de supermercado ou reservar uma mesa em um restaurante.
“Ela pode navegar em sites e realizar ações, assim como você e eu fazemos”, explicou Yash Kumar, líder de produto e engenharia da OpenAI, em uma entrevista.
Pesquisadores de inteligência artificial chamam esse tipo de tecnologia de agente de IA. Enquanto os chatbots podem responder perguntas, escrever poemas e gerar imagens, os agentes podem usar outros softwares na internet.
Durante uma apresentação ao The New York Times, Kumar demonstrou como o sistema poderia reservar uma mesa em um restaurante de São Francisco através do site OpenTable e comprar uma lista de mantimentos pelo Instacart.
O Operator se parece e funciona de forma semelhante ao ChatGPT e outros chatbots. O usuário digita um pedido em uma pequena janela, e o sistema responde da melhor maneira possível.
O usuário pode acompanhar o Operator abrindo um navegador de internet e visitando sites específicos. O sistema pode cometer erros, mas, em alguns casos, consegue corrigir esses erros. Durante a demonstração, o sistema assumiu erroneamente que Kumar estava em Iowa, antes de corrigir e encontrar um restaurante em São Francisco.
O Operator não é totalmente autônomo. Às vezes, o usuário precisa corrigir seus erros e fornecer solicitações ou sugestões adicionais. Para sites como OpenTable e Instacart, os usuários precisam fornecer seus nomes de usuário e senhas. No entanto, a OpenAI afirmou que não armazena essas informações privadas.
Entretanto, a empresa coleta dados que mostram como o sistema interage com os usuários e acessa sites em seu nome. Esses dados podem ser usados para treinar futuras versões do Operator.
A OpenAI informou que, a partir de quinta-feira, o Operator estará disponível para qualquer pessoa assinante do ChatGPT Pro, um serviço que custa US$ 200 por mês (cerca de R$ 1.1180) e oferece acesso às ferramentas mais recentes da empresa.
A OpenAI planeja disponibilizar a ferramenta em outros serviços pagos e, eventualmente, incorporá-la à versão gratuita do ChatGPT. Usuários nos Estados Unidos serão os primeiros a ter acesso à nova ferramenta.
O jornal The New York Times processou a OpenAI e sua parceira, Microsoft, por violação de direitos autorais de conteúdos jornalísticos relacionados aos sistemas de IA. A OpenAI e a Microsoft negam essas acusações.
Nos últimos meses, outras grandes empresas, incluindo Google e Anthropic, também lançaram ferramentas semelhantes. Contudo, muitas dessas ferramentas ainda não estão amplamente disponíveis.
O Operator é baseado na mesma tecnologia que sustenta o ChatGPT. Essa tecnologia é o que pesquisadores de IA chamam de rede neural —um sistema matemático capaz de aprender habilidades ao analisar enormes volumes de dados.
Versões mais recentes dessa tecnologia aprendem com uma ampla variedade de dados, incluindo textos, imagens e sons. No caso do Operator, ele foi treinado com imagens que mostram como as pessoas usam planilhas, sites de compras e outros serviços online.
Após identificar padrões nesses dados, o novo sistema pode usar serviços semelhantes em nome dos usuários.
Kumar reconheceu que, assim como o ChatGPT e outros chatbots, o Operator ainda é uma tecnologia experimental. Mas ele afirmou que a ferramenta continuará melhorando nos próximos meses.
“Isso ainda não é a tecnologia mais robusta do mundo”, disse ele. “Mas é muito melhor do que costumava ser esse tipo de tecnologia.”