‘Marcianos’ no estômago? Bactérias indicam vida em ambientes extremos

Até 1981, Warren havia feito sua pesquisa sozinho. Mas, naquele ano, ele conheceu Barry Marshall, que estava seguindo o programa de bolsas clínicas do Royal Australian College of Physicians, e foi abordado para colaborar com “a loucura de Warren, que está tentando transformar a gastrite em uma doença infecciosa”.
Em 2005, Barry Marshall e Robin Warren receberam o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina pela descoberta da Helicobacter pylori e seu papel nas doenças gástricas, revolucionando o campo da gastroenterologia.
A H. pylori tem uma incrível variedade de fatores que a ajudam a sobreviver em hostilidade. Por exemplo, flagelos que lhe permitem surfar nos fluidos estomacais para se aproximar da parede do estômago, rompendo a camada protetora de muco e se fixando nela.
Com a enzima urease, a H. pylori degrada a ureia no estômago em amônia e CO?, criando um microclima de pH mais alto que permite sua reprodução. À medida que seu número aumenta, ela libera exotoxinas que inflamam e destroem o tecido gástrico no estômago. É assim que as úlceras acabam se desenvolvendo, pois o tecido conjuntivo subjacente é exposto à acidez do estômago.
Aprendemos que, mesmo enganchada em nossas entranhas, nas paredes do interior rosado do estômago, sujeita a pHs semelhantes aos do vinagre, sem luz, atingida por movimentos peristálticos violentos e exposta a enzimas degradantes e ao arrasto gerado pela mistura de alimentos, a vida é capaz de resistir e proliferar.
O estudo de microrganismos extremófilos oferece a esperança de que em outros corpos do Sistema Solar, ou em alguns dos 5.500 exoplanetas já descobertos, mesmo em condições extremas, o extraordinário fenômeno da vida possa estar presente.