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Golpe pelo celular: empresas anunciam medidas antifraude – 30/11/2023 – Tec

As operadoras Claro, TIM e Vivo anunciaram, na terça-feira (28), a adesão a uma rede que compartilha informações e promete aumentar a segurança dos celulares. A entrada na Open Gateway (portal aberto, em tradução livre) permite que as empresas verifiquem o número telefônico sem precisar enviar mensagem com código de autenticação por SMS, que muitas vezes acaba se tornando a porta de entrada para fraudes bancárias.

A rede compartilhada também permite que as operadoras e os bancos identifiquem se o chip do aparelho foi trocado recentemente, para bloquear transações com alta probabilidade de fraude. Outra medida prometida com o uso da nova tecnologia é facilitar a localização do celular roubado, evitando que golpistas manipulem o sinal de GPS.

A Open Gateway foi lançada pela entidade administradora do ecossistema global de telecomunicações GSMA, em evento realizado em Barcelona (Espanha), no início de maio. No Brasil, o anúncio foi feito em evento da GSMA em São Paulo com representantes das três principais empresas de telefonia celular.

Os novos serviços devem estar disponíveis em todo o país até o fim deste ano, segundo a GSMA.

Ao abrir dados operacionais na plataforma, as empresas permitem que desenvolvedores e provedores de nuvem desenvolvam novos aplicativos e serviços, que incluem os de segurança. A ideia é similar ao open banking, em que os bancos compartilham informações entre si.

Quase 40 operadoras de países como Brasil, China, Noruega e Nova Zelândia aderiram à iniciativa. Essas empresas respondem por 64% das conexões globais à rede de telefonia, de acordo com a GSMA.

No Brasil, que aparece entre os líderes em rankings mundiais de fraudes telefônicas e de internet, a implementação dessa tecnologia começará focada em cibersegurança. “O projeto garante 100% de privacidade do cliente por design”, afirma a GSMA.

O que a nova tecnologia promete fazer para reduzir fraudes

A princípio ficam disponíveis três serviços:

  • Verificação de número – A adesão ao Open Gateway permite a verificação do número telefônico sem a necessidade de mensagem por SMS. A novidade elimina o risco de golpistas desviarem mensagem de texto para ter acesso a chaves de autenticação e evita frustrações, caso o SMS não chegue. O recurso confirma o número do telefone do usuário de forma automática.
  • Troca de chip – A nova tecnologia permite identificar trocas recentes de chip em um celular para que bancos façam o bloqueio de mais transações com alta probabilidade de fraude.
  • Localização de dispositivo – O Open Gateway facilita o compartilhamento da localização do celular e evita que golpistas manipulem o sinal de GPS. Essa novidade permite desenvolvimento de novas tecnologias, ligadas, por exemplo, à entrega de produtos e logística, a partir da localização de trabalhadores e veículos.

A diretora-executiva de negócios para empresas da Vivo, Debora Bortolasi, afirmou durante o evento da GSMA que o Open Gateway possibilita transformar redes de telecomunicação em plataformas digitais, o que traz benefícios para startups e grandes empresas.

Para a Claro, a adesão à iniciativa coloca o Brasil a par do que há de mais moderno no mundo em telecomunicação, segundo declaração do diretor de novos negócios, Carlos Araújo.

O vice-presidente para novos negócios e inovação da TIM Brasil, Renato Ciuchini, disse que a empresa trabalha para criar um ambiente mais seguro e protegido. “A oportunidade de aderir ao Open Gateway está em linha com esse cenário.”

Anatel tem pacote para suspender 0800 irregular

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) recomendou às operadoras uma série de medidas para inibir o uso irregular do prefixo 0800, como a suspensão imediata do número quando houver indícios de uso para fraudes. As empresas têm até 27 de dezembro para se adequar.

O objetivo é inibir golpes como o da falsa central de atendimento, em que criminosos enviam à vítima uma mensagem na qual se passam por um banco ou uma empresa e pedem um retorno a um número, que pode ter início 0800. A Anatel recomenda ao consumidor que, antes de ligar ou retornar a chamada, consulte os sites Qual Empresa Me Ligou e Consulta Número para verificar a procedência do telefone.

Pelo protocolo da agência reguladora, as prestadoras de serviços telefônicos devem cancelar o número do assinante, caso os esclarecimentos sejam insuficientes.

Telefones iniciados em 0800, 0300, 4000, 4003 e 4004 não estão vinculados a localizações geográficas, o que permite o contato sem a necessidade de recorrer a uma chamada interurbana. A Anatel diz que monitora esses números em parcerias com as prestadoras de telecomunicações.

A agência também indica que as empresas estabeleçam cláusulas contratuais que responsabilizem o detentor da numeração em caso de fraude e proíbam a revenda do número.

Na opinião do pesquisador-chefe para a América Latina da empresa de cibersegurança Kaspersky, Fabio Assolini, a nova norma ajuda, mas deixa espaço para as falsas centrais telefônicas continuarem a operar.

“O despacho decisório limita a outorga de números 0800, mas esses não são os únicos usados nas fraudes das centrais telefônicas falsas —há ainda os números 4000, 4003, 4004, sem falar dos números curtos usados pelos golpistas para o envio de SMS fraudulento. Para as vítimas, é muito difícil diferenciar um SMS legítimo, enviado por seu banco, de um enviado pelo fraudador, pois ambos chegam pelo mesmo número curto.”

Para Assolini, a Anatel deveria voltar a sua atenção aos SMSs com números curtos, como (1153, usado pela TIM, ou 27900, usado pelo Nubank). Quando os criminosos conseguem acesso a um desses registros, garantem mais legitimidade à mensagem.

Ele diz que os criminosos, com frequência, procuram operadoras menores para conseguir cadastros iniciados com números não geográficos ou curtos, também usados por bancos e outras empresas.

“Como o volume de chamadas nessas fraudes pode ser grande, os golpistas até filtram as ligações recebidas para aceitar apenas aquelas vinculadas aos números que receberam mensagens fraudulentas”, diz Assolini.

Visto primeiro na Folha de São Paulo

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