Os Estados Unidos pretendem descartar uma regra implementada pelo governo Biden que visava limitar as exportações de chips de inteligência artificial e poderia impactar as receitas de empresas de semicondutores como Nvidia e AMD.
Uma autoridade do governo dos EUA disse nesta quarta-feira (7) que a medida, que deveria entrar em vigor em 15 de maio, estava cheia de burocracias que a tornavam “inexequível”. Agora, o governo Trump pretende revisar completamente a regra.
A medida de Washington ocorre enquanto o novo governo adota uma política menos restritiva para a regulamentação da IA e outras tecnologias avançadas no âmbito doméstico e enfrenta a ascensão de empresas chinesas no setor.
Mudanças na regra, conhecida como Framework for Artificial Intelligence Diffusion (Estrutura para Difusão de Inteligência Artificial), representariam um alívio para empresas como a Nvidia. O gigante dos chips estaria, de outra forma, sujeita a limites na quantidade de hardware de IA que poderia vender em países como Índia, Suíça e Singapura.
A empresa tem desfrutado de uma demanda sustentada e frenética por suas unidades de processamento gráfico (GPUs, na sigla em inglês), o que a impulsionou a se tornar uma das empresas mais valiosas do mundo em apenas alguns anos.
Em vez de permitir que os controles da era Biden entrem em vigor em uma semana, a autoridade disse que o governo Trump elaboraria uma regra que garantiria que a tecnologia dos EUA prosperasse sem permitir que adversários americanos obtivessem acesso aos chips.
A autoridade também afirmou que a regra não é iminente e que levará algum tempo para ser implementada.
Os controles de exportação, apresentados nos últimos dias da presidência de Joe Biden, criaram um sistema de licenciamento de três níveis para chips de IA usados em data centers, como as poderosas GPUs da Nvidia.
Eles visavam dificultar que empresas chinesas contornassem os controles de exportação dos EUA acessando-os através de outros países, em um clima de rivalidade geopolítica sobre a infraestrutura por trás de modelos de inteligência artificial.
A legislação planejada impunha um limite nos volumes de exportação de chips para todos, exceto um pequeno número de países, que incluem membros do G7 e Taiwan. Mais de 100 países caíram neste nível “intermediário”.
A UE, a Nvidia e o setor de chips e tecnologia criticaram as regras, que estavam passando por um período de feedback.
As regras, segundo eles, dariam uma vantagem aos concorrentes chineses como a Huawei —que desenvolve e vende seu próprio hardware de IA— e deixariam de garantir que grande parte do mundo dependesse da tecnologia americana.
A Nvidia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. As ações da empresa fecharam 3% mais altas na quarta-feira após a notícia, enquanto a AMD subiu 1,8%.
Os chips mais poderosos da Nvidia já estão proibidos de exportação para a China após sucessivas restrições baseadas em desempenho emitidas sob o governo Biden.
O governo Trump implementou no mês passado novos requisitos de licença para chips menos poderosos especificamente projetados para o mercado chinês pela Nvidia e AMD para cumprir com os controles de exportação.
A Nvidia disse que a proibição de seus chips H20 resultou em um impacto de US$ 5,5 bilhões em seus lucros.
Uma análise mais ampla de segurança nacional sobre potenciais novas tarifas de semicondutores também está em andamento, após uma isenção temporária das tarifas recíprocas sobre parceiros comerciais dos EUA.
A Nvidia deve anunciar seus resultados do primeiro trimestre em 28 de maio.