Dólar mantém trajetória de baixa e abre o dia negociado a R$ 5,28
Rick Wilking/Reuters
O dólar era negociado em queda frente ao real nesta terça-feira (1º), dando sequência às fortes perdas registradas nas últimas três sessões conforme o BC (Banco Central) dá início a sua reunião de política monetária de dois dias.
A expectativa é de que a taxa Selic, atualmente em 9,25% ao ano, seja elevada em 1,5 ponto percentual ao fim do encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), movimento que já havia sido sinalizado em dezembro.
Juros mais altos no Brasil tendem a beneficiar a divisa local, uma vez que tornam a rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico mais atraente para investidores estrangeiros.
Às 10h07 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,43%, a R$ 5,2829 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,43%, a R$ 5,319.
A moeda vem de uma sequência de três perdas diárias consecutivas, período em que acumulou queda de 2,44%. Na segunda-feira, o dólar fechou em R$ 5,3059, mínima desde 22 de setembro do ano passado (R$ 5,3033), encerrando janeiro como um todo em baixa de 4,8%.
“É garantida uma elevação expressiva de juros, mais um ponto a favor do fluxo de estrangeiros” para o Brasil, escreveu Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, sobre a reunião do Copom desta semana.
“Enquanto os temores de elevação de juros agitam os EUA, em especial após o sinal considerado mais duro pelo Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) em sua última reunião, a expectativa era de que mercados como o brasileiro sofressem por conta da menor preferência do investidor global… Porém, o que se vê neste momento é um movimento mais próximo da busca do Brasil como uma opção barata e de bom rendimento.”
Os formuladores de política monetária do Fed estão determinados a aumentar a taxa de juros em março, e os mercados já precificam pelo menos cinco elevações nos custos dos empréstimos ao longo deste ano nos Estados Unidos.
Segundo Paloma Brum, analista da Toro Investimentos, isso ainda pode vir a ser um empecilho para o desempenho do real e outras moedas de mercados emergentes “com uma saída de capital rumo (aos títulos soberanos norte-americanos), considerados os mais seguros do mundo, (que estariam) remunerando mais”.
Mas, por ora, dívidas consideradas arriscadas parecem estar dando de ombros para o iminente ciclo de aperto de juros na maior economia do mundo. Nesta terça-feira, peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano, por exemplo, registravam ganhos expressivos contra a moeda dos Estados Unidos.
Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 1° de abril de 2022.