como funciona o app que virou espaço de risco para menores

como funciona o app que virou espaço de risco para menores

O Discord possui cerca de 560 milhões de contas registradas globalmente. Dessas, segundo o site Business of Apps, 220 milhões são usuários ativos mensais. No Brasil, de acordo com o World Population Review, o Discord é especialmente popular, com aproximadamente 56,4 milhões de contas registradas, tornando o país o segundo maior mercado da plataforma —atrás apenas dos Estados Unidos, que somam cerca de 234,4 milhões de contas.

No Brasil, o aplicativo se popularizou entre crianças e adolescentes. Relatos mostram o uso frequente por jovens de 10 a 17 anos, que veem o app como um espaço para socializar, consumir conteúdo e buscar até vagas de trabalho. Uma reportagem do UOL revelou que crianças usam o Discord como um “LinkedIn mirim”, tentando vagas como atendentes ou desenvolvedores dentro do jogo Roblox.

Especialistas alertam para os riscos de exposição precoce a ambientes não supervisionados. A ausência de verificação de idade e o anonimato favorecem a entrada de predadores sexuais, aliciadores e grupos radicais. Segundo a socióloga Alex Goldenberg, o Discord é “o habitat natural dos renegados online” por permitir a formação de comunidades fechadas e hostis à vigilância externa.

Casos de abuso, chantagem e indução à automutilação já foram registrados no Brasil. O UOL revelou em 2023 que adolescentes foram apreendidos por cometer estupros e incentivar mutilações em meninas dentro de servidores do Discord. As vítimas, em geral, acreditavam estar participando de desafios ou comunidades inofensivas.

A resposta da plataforma é baseada em denúncias manuais e colaboração com autoridades, mas enfrenta críticas. A empresa afirma que combate conteúdos ilegais e aprimora seus sistemas internos, mas não divulga números por país. Ferramentas como a “Central da Família”, lançada em 2023, ainda têm alcance limitado e dependem da adesão voluntária de pais e responsáveis.

Para especialistas, o uso do Discord por crianças e adolescentes exige acompanhamento contínuo. Eles recomendam diálogo frequente com os filhos, uso de ferramentas de monitoramento e, sempre que possível, participação ativa nos espaços virtuais frequentados pelos jovens. A combinação de anonimato, liberdade e desinformação torna o ambiente especialmente sensível.



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