mortos são congelados por R$ 1,2 mi para ressurreição
Ressuscitação poderia resultar em vida, sim, mas de “zumbis” (com graves danos cerebrais). É o que acreditam estudiosos críticos da criônica, como Clive Coen, professor de neurociência da Universidade King’s College London, no Reino Unido, que chamou o conceito de “absurdo” à BBC. Para ele, não há prova alguma atualmente de que organismos com estruturas cerebrais complexas como os seres humanos possam ser revividos com sucesso.
Quando um coração para de bater, as células começam a se decompor, o que causa enormes danos. Quando o corpo é reaquecido depois de criopreservado, “toda a decomposição que estava ocorrendo durante a fase inicial após a morte vai começar novamente”, segundo professor. Ou seja, seria muito mais complexo garantir a integridade de um organismo inteiro. Já a criogenia seria mais interessante porque apenas preservaria materiais, como tecidos e órgãos, para que pudessem ser usados posteriormente — como uma espécie de banco de doadores.
Proposta da empresa foi inspirada em casos reais de “ressuscitação após resfriamento”. Este é um procedimento médico conhecido como “animação suspensa”, em que pacientes que chegam ao pronto-socorro com trauma agudo (como um tiro, por exemplo) e têm estado delicado demais para serem submetidos a uma cirurgia são resfriados a uma temperatura entre 10ºC e 15ºC com a ajuda de uma solução salina gelada que substitui o sangue. A atividade cerebral para durante a cirurgia, que deve durar no máximo duas horas, quando a pessoa deve ser reaquecida.
Esperança está em roedores. Em 2023, pesquisadores da Universidade de Minnesota Twin Cities armazenaram criogenicamente rins de ratos por até cem dias antes de reaquecê-los e retirá-los dos fluidos crioprotetores. Transplante aconteceu após cinco dias e a função dos órgãos foi restaurada em um mês.
Preservar a estrutura neural da memória do falecido é a próxima meta. A empresa quer, dentro de um ano, ser capaz de “congelar a identidade e personalidade”. “Muitos clientes estão fascinados pelas possibilidades de tecnologias e experiências futuras, como viagens espaciais. Para alguns, a motivação primária é o medo de morrer. A criopreservação oferece a eles esperança e uma sensação de segurança, fornecendo um caminho potencial para estender suas vidas”, contou Pinheiro ao Mail.