os 100 anos da visita de Albert Einstein ao Brasil

os 100 anos da visita de Albert Einstein ao Brasil

Pelo menos duas delas vão comemorar o centenário da visita de Einstein: entre os dias 21 e 25 de março, o Jardim Botânico vai disponibilizar um totem do cientista alemão na Casa Pacheco Leão. Segundo a diretora Márcia Faraco, os visitantes poderão tirar fotos e ouvir, através de IA, trechos da entrevista que o diretor do Jardim Botânico concedeu ao jornal A Noite, em 1955, sobre a ilustre visita. Já no dia 9 de maio, o Observatório Nacional vai promover palestras e mesas-redondas, além de uma sessão de autógrafos do livro Einstein – O Viajante da Relatividade na América do Sul, de Alfredo Tolmasquim.

Apesar da “correria louca” – como descreveu a viagem à América do Sul para a irmã Maja (1881-1951) -, Einstein visitou os dois principais pontos turísticos do Rio: o Pão de Açúcar, no dia 5, e o Corcovado, no dia 10. “Passeio vertiginoso sobre floresta selvagem”, escreveu sobre o Pão de Açúcar. E só não conheceu Itatiaia, a 174 quilômetros da capital, porque o passeio, a bordo de um trem, foi cancelado. Motivo: foi considerado longo. Em seu lugar, organizaram um passeio pela orla de Copacabana, o Morro Dois Irmãos e a Floresta da Tijuca. “Ficava incomodado com o assédio da imprensa”, garante Tolmasquim. “Enquanto as pessoas o tratavam como um gênio, ele se via como um cientista comum”.

Peixe e vatapá no cardápio, cactos e borboletas na bagagem

Entre um compromisso e outro, esbaldou-se em almoços, jantares e recepções. Só o embaixador alemão, Hubert Knipping (1868-1937), ofereceu dois: um no dia 8 e outro no dia 11. Segundo seu diário, Einstein provou o vatapá, oferecido por Juliano Moreira, e peixe – tudo, diga-se de passagem, muito apimentado. Há rumores, nunca confirmados, de que tenha tomado algumas doses de cachaça e se recusado a comer feijoada por ter carne de porco. Não há registro oficial.

“Einstein não era um gourmand. Quero dizer: não sei se ele gostava de comer”, explica o filósofo Antônio Videira, coautor de Einstein e o Brasil (UFRJ, 1995), escrito em parceria com Ildeu de Castro Moreira. “Ainda assim, provou quase tudo o que lhe foi oferecido. Penso que deve ter achado nossa gastronomia um pouco exótica”. “Duvido que tenha bebido cachaça”, acrescenta Rosenkranz, “era abstêmio”.

Em sua bagagem, Einstein levou alguns presentes como pedras preciosas, bracelete indígena, vasos com cactos e uma coleção de borboletas. “Não farei esse tipo de coisa novamente”, prosseguiu, em carta para a irmã Maja, em 12 de julho de 1925. “É muito prejudicial para os meus nervos”. Einstein desembarcou em Hamburgo no dia 31 de maio e retornou à Berlim no dia 1º de junho. Morreu 30 anos depois de sua visita ao Brasil, em 18 de abril de 1955, aos 76 anos. “Duvido que tenha pensado em voltar ao Brasil. Nunca mais viajou para fora dos EUA depois de 1935”, afirma Rosenkranz. Videira concorda: “Estava farto dessas viagens. Se sentia como um troféu”.



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