A contabilidade é uma ciência que estuda e registra os fenômenos econômicos e financeiros que afetam o patrimônio das entidades. Ela é essencial para a tomada de decisões, o controle, a transparência e a prestação de contas dos gestores e dos stakeholders. A contabilidade também acompanha as mudanças sociais, tecnológicas e ambientais que ocorrem no mundo, buscando se adaptar e se atualizar para atender às demandas e aos desafios do mercado.
Neste artigo, pretendemos apresentar as principais tendências e inovações que devem impactar a contabilidade brasileira até o ano de 2030, considerando os aspectos teóricos, normativos, práticos e educacionais da profissão. Para isso, abordaremos os seguintes temas: a inteligência artificial e machine learning na contabilidade, a ciência de dados e o sensemaker na contabilidade, o ESG através do relato integrado e a taxonomia contábil em XRBL.
Inteligência artificial e machine learning na contabilidade
A inteligência artificial (IA) é a capacidade de máquinas ou sistemas de realizar tarefas que normalmente exigem inteligência humana, como raciocinar, aprender, resolver problemas, reconhecer padrões, etc. O machine learning (ML) é um ramo da IA que consiste em treinar algoritmos para aprender com dados e fazer previsões ou recomendações.
A aplicação da IA e do ML na contabilidade pode trazer diversos benefícios, como: aumentar a eficiência, a qualidade e a velocidade dos processos contábeis; reduzir os custos, os erros e os riscos; melhorar a análise, a interpretação e a comunicação das informações contábeis; gerar insights e valor agregado para os clientes; facilitar a integração e a padronização dos dados; e estimular a inovação e a criatividade dos profissionais.
Alguns exemplos de uso da IA e do ML na contabilidade são: automatização de tarefas rotineiras, como lançamentos, conciliações, classificações, cálculos, etc.; auditoria baseada em dados, com análise de grandes volumes de informações e identificação de anomalias ou fraudes; suporte à decisão, com geração de relatórios personalizados, dashboards interativos, alertas proativos, etc.; assistentes virtuais ou chatbots, que podem interagir com os usuários por meio de voz ou texto, tirando dúvidas, fornecendo orientações ou realizando serviços; e aprendizado contínuo, com atualização constante dos conhecimentos técnicos e normativos.
Ciência de dados e sensemaker na contabilidade
A ciência de dados é uma área interdisciplinar que utiliza métodos científicos, algoritmos e sistemas para extrair conhecimento ou insights de dados estruturados ou não estruturados. Ela envolve conceitos como estatística, matemática, computação, visualização de dados, etc. O sensemaker é uma ferramenta que permite coletar, analisar e interpretar dados qualitativos ou narrativos de forma colaborativa e participativa.
A utilização da ciência de dados e do sensemaker na contabilidade pode contribuir para: ampliar o escopo, a profundidade e a relevância das informações contábeis; explorar novas fontes de dados internos ou externos; transformar dados em conhecimento útil para os tomadores de decisão; criar narrativas que conectem os números aos fatos; envolver os stakeholders no processo de geração e de uso das informações contábeis; e desenvolver habilidades analíticas, críticas e estratégicas dos profissionais.
Alguns exemplos de aplicação da ciência de dados e do sensemaker na contabilidade são: mineração de dados, com descoberta de padrões, tendências ou associações nos dados contábeis; análise preditiva, com projeção de cenários futuros ou estimativa de resultados; análise prescritiva, com sugestão de ações ou intervenções ótimas; análise de sentimentos, com avaliação das emoções ou opiniões dos stakeholders sobre as informações contábeis; e storytelling, com construção de histórias que expliquem ou contextualizem as informações contábeis.
ESG através do relato integrado e a taxonomia contábil em XRBL
ESG é a sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, que significa Ambiental, Social e Governança. São critérios que avaliam o desempenho das organizações em relação à sustentabilidade e à responsabilidade social. O relato integrado é uma forma de comunicação corporativa que busca demonstrar como as organizações criam valor no curto, médio e longo prazo, considerando os aspectos financeiros e não financeiros. A taxonomia contábil é um conjunto de conceitos e regras que definem a estrutura e o conteúdo das informações contábeis. O XRBL é uma linguagem baseada em XML que permite a codificação e a troca eletrônica de informações contábeis.
A adoção do ESG através do relato integrado e da taxonomia contábil em XRBL na contabilidade pode proporcionar: maior transparência, confiabilidade e comparabilidade das informações contábeis; maior alinhamento entre a estratégia, a gestão e o relato das organizações; maior integração entre as dimensões econômica, social e ambiental; maior engajamento e satisfação dos stakeholders; maior atratividade e competitividade das organizações; e maior conformidade com as normas e os padrões internacionais.
Alguns exemplos de práticas do ESG através do relato integrado e da taxonomia contábil em XRBL na contabilidade são: mensuração e divulgação dos impactos ambientais, sociais e de governança das organizações; elaboração e publicação de relatórios integrados seguindo os princípios e o conteúdo do International Integrated Reporting Framework (IIRF); utilização da taxonomia XBRL Brasil para padronizar e facilitar o envio das informações contábeis aos órgãos reguladores; uso de plataformas digitais para disseminar as informações contábeis aos stakeholders; e participação em iniciativas ou redes que promovam o ESG, o relato integrado e a taxonomia contábil em XRBL.
Conclusão
A contabilidade brasileira está em constante evolução, acompanhando as transformações que ocorrem no cenário nacional e internacional. Neste artigo, apresentamos algumas das principais tendências e inovações que devem marcar a contabilidade brasileira até o ano de 2030, abrangendo os aspectos teóricos, normativos, práticos e educacionais da profissão.
Destacamos os temas da inteligência artificial e machine learning na contabilidade, da ciência de dados e do sensemaker na contabilidade, do ESG através do relato integrado e da taxonomia contábil em XRBL. Esses temas representam oportunidades e desafios para os profissionais da área, que devem se preparar para lidar com as novas demandas e exigências do mercado.
Por fim, ressaltamos que este artigo não esgota o assunto, mas apenas oferece uma visão geral e introdutória sobre ele. Esperamos que ele possa servir como um estímulo para aprofundar os conhecimentos sobre as tendências e inovações na contabilidade brasileira.