A convenção anual mais importante da tecnologia, a CES, abrirá suas portas nesta terça-feira (8) em Las Vegas (EUA) com o selo da inevitável inteligência artificial (IA), que espera converter os dispositivos online em produtos ainda mais sofisticados, “inteligentes” e até mesmo “humanos”.
Este ano, o desafio da CES (Consumer Electronics Show) é “como a IA será integrada” às tecnologias existentes, avaliou Adam Burden, diretor mundial de inovação da Accenture. “A IA não serve para criar superhumanos. Vai tornar os humanos melhores”, disse o especialista.
Para a edição 2024 da CES, graças à IA, os robôs terão a capacidade de interagir, os veículos autônomos serão mais intuitivos e os espelhos serão cada vez mais perspicazes.
Mais de 3.500 expositores e cerca de 130 mil participantes estarão na metrópole americana dos cassinos de 9 a 12 de janeiro.
Neste ano, o público estará de volta depois de três anos, em que a CES sofreu com a pandemia como todas as grandes conferências.
“Os chineses estão voltando”, assegurou o presidente da CTA (Consumer Technology Association), Gary Shapiro, entidade organizadora da CES. Embora 500 expositores venham da China, esses são apenas a metade dos que vieram antes da covid-19.
Gigantes como Amazon, Google, Intel, Samsung, Sony e TikTok terão suas próprias delegações, mas a CES é antes de tudo a oportunidade para as empresas emergentes brilharem, destacou Carolina Milanesi, da Creative Strategies.
“Muitos observadores pensavam que inúmeras empresas não voltariam depois da crise sanitária, mas as pequenas empresas que não têm o peso para organizar seus próprios eventos participam da CES e geram tráfego”, detalhou a analista.
“Lavagem de IA”
Para Milanesi, o espetáculo do salão será a IA. Mas adverte sobre a “lavagem de IA”, ao se referir a empresas que tentarão mostrar essa tecnologia em seus produtos sem os terem tornado mais eficientes.
Mas como diferenciar as inovações reais de meras fórmulas de marketing? Burden diz que “as empresas que falam de acrescentar progressivamente essas capacidades” são mais confiáveis do que as que prometem “avalanches” repentinas de IA.
“Haverá assistentes pessoais baseados em IA integrados nos veículos, na robótica. Poderão detectar o que acontece ao seu redor, incluindo emoções, e adaptar sua resposta a esses dados (…) Poderão dar conselhos e também realizar tarefas por você”, como fazer reserva em um restaurante, prevê Burden.
“Extensão do humano”
Em especial, a IA é levada muito em conta para melhorar a segurança rodoviária. Isso se deve ao fato de que essa tecnologia é considerada em certos casos “como um extensão do corpo e do espírito humanos”, indicou Burden. “Será capaz de detectar o estado de alerta do motorista baseando-se em sua expressão facial, a atenção do olhar, esse tipo de coisa”.
“Os veículos se converteram em plataformas de software sobre rodas, ou de eletrônica montada sobre rodas”, analisou o especialista independente Avi Greengart. “Haverá muitos anúncios nesse aspecto”.
De fato, uma enorme seção da CES será dedicada aos veículos pessoais, industriais e agrícolas em busca de autonomia, às motos e aos barcos conectados e aos softwares que se tornaram essenciais em todos os transportes.
A saúde e a beleza também ocuparão um lugar de destaque: a própria conferência inaugural de terça-feira estará a cargo de Nicolas Hieronimus, diretor-geral da L’Oréal.