Arthur Mensch, CEO da startup francesa de inteligência artificial Mistral, disse nesta terça-feira (4) no MWC (Mobile World Congress) que a volatilidade política e econômica do novo governo Donald Trump pode impulsionar o desenvolvimento da inteligência artificial na Europa.
“Houve um alerta após a volatilidade nos EUA para as empresas europeias, de que elas deveriam reduzir sua dependência da tecnologia americana. É importante usar a tecnologia dos EUA porque, em muitas áreas, eles são o único fornecedor, mas em outras há um ecossistema local com o qual as empresas europeias querem trabalhar”, disse.
A Mistral foi fundada em 2023 por Mensch, ex-pesquisador do DeepMind do Google, e ex-pesquisadores da Meta. Hoje, a empresa é avaliada em cerca de US$ 6 bilhões e é considerada a principal rival europeia da OpenAI, dona do ChatGPT.
“Vemos um grande aumento da ambição em torno de projetos de IA na Europa em 2025, e acho que isso vem das mudanças da política americana”, disse Mensch.
Para Mensch, o principal problema da UE em relação ao desenvolvimento tecnológico não é o excesso de regulação, mas a fragmentação do mercado.
“O fato de termos 27 empresas de telecomunicações em vez de três significa que temos que manter mais de 90 conversas antes de começar a fazer algo”, disse.
O executivo, no entanto, vê com otimismo uma mudança recente na abordagem do bloco em relação à tecnologia.
Em fevereiro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um investimento de 50 bilhões de euros para reforçar os programas de IA do bloco. O montante se soma a outros 150 bilhões de euros prometidos por fornecedores, investidores e empresas do bloco.
“Houve um alerta na Comissão Europeia de que precisávamos acelerar, de que a regulamentação não deveria ser o foco, para garantir que tenhamos uma tecnologia de IA soberana adequada na Europa”, disse.
Mensch também aproveitou a presença na feira de telefonia para destacar o potencial da integração da inteligência artificial às empresas de telecomunicações. Em fevereiro, a Mistral lançou o aplicativo Le Chat, chatbot do seu modelo para celulares iOS e Android.
“A Europa tem muito a oferecer em infraestrutura, como a energia. As telcos têm uma oportunidade para investir em data centers e se tornarem provedoras de serviços na nuvem”, disse.
“Vimos esse modelo funcionar em diferentes partes do mundo, e montar um data center não é tão diferente de conectar fibra óptica às casas, então agradeceríamos investimentos locais em centros de dados”.
Para o futuro da IA, Mensch diz esperar uma maior contribuição das empresas para o treinamento do modelo, que é de código aberto assim como o da chinesa DeepSeek e o da Meta.
Enquanto os funcionários da Mistral tentam garantir que ele seja bom em matemática, uma interação maior com companhias poderia melhorar suas habilidades em investimentos, manufatura e logística, disse o executivo.
O repórter viajou a convite da Honor