Brasileiros firmam presença no SXSW de 2025 – 09/03/2025 – Ronaldo Lemos

É muito prazeroso ver uma cidade como Austin tomada por brasileiros. A razão é o festival SXSW, realizado de 7 a 15 de março deste ano. Caminhando pela cidade é como se o português de repente tivesse tomado conta de várias partes da cidade texana. Afinal, ao menos 2.300 conterrâneos são esperados neste período para o festival, fazendo do país a maior delegação internacional.

O festival deste ano tem um quê de nostalgia. O local onde ele é realizado, o Convention Center Austin, será em breve demolido. Ele fechará em abril de 2025 para ser completamente reconstruído, praticamente dobrando de tamanho, com investimento de US$ 1,6 bilhão (R$ 9,26 bilhões). Será também rebatizado Unconventional Center (ótimo nome), em linha com a fama de capital “weird” (estranha) da cidade. A reabertura deve acontecer apenas em 2029.

Nesse período de reformas o SXSW continuará sendo realizado em Austin, só que distribuído entre os hotéis e outros espaços da cidade. O que certamente será interessante de se ver, já que uma das características mais interessantes do SXSW é como ele transforma a cidade em protagonista do evento. Isso agora vai acontecer ainda mais.

A programação deste ano está forte. Na camada de entretenimento, o festival tem a presença de Ben Stiller falando sobre como se tornou a mente por trás da perturbadora série Ruptura. Além dele, há a presença de Blake Lively, Nicole Kidman, Jenna Ortega e Pedro Pascal lançando a segunda temporada da série The Last of Us.

Na camada política, o festival tem a participação de Michelle Obama ao lado do seu irmão Craig Robinson. Mas muita gente vai ao SXSW por conta das suas sessões de tecnologia. Todos os anos a futurista Amy Webb apresenta no festival o seu balanço de previsões para o ano. Desta vez ficou um certo vazio na sua apresentação, já que o papel da tecnologia e das big techs assumiu um tom mais sombrio quando comparado com sua última apresentação em 2024. Como ela não enfrentou propriamente essas questões, ficou uma forte sensação de elefante na sala durante sua apresentação.

Houve também uma ótima apresentação do professor da NYU Scott Galloway, focando em aspectos econômicos das empresas de tecnologia, como a aliança da OpenAI com a Nvidia e o declínio vexatório da Intel. Na sua fala ele não se furtou a fazer um diagnóstico sobre a situação política dos EUA, o que contrastou com a fala mais cedo de Amy Webb.

Mas quem buscava a famosa estranheza texana no festival encontrou-a nos painéis sobre saúde. Por exemplo, a longa fala de Dave Asprey sobre estados alterados da mente. Ele investigou o tema a partir de visões pessoais e históricas e sua relação com tecnologia, psicodélicos e práticas de meditação.

Já a minha descoberta preferida foi o escritor Simran Singh, que no festival lançou seu livro “A Luz que Emitimos: Como a Sabedoria Sikh Pode Transformar Sua Vida”. De origem Sikh, ele conta a partir das suas memórias como os valores do sikhismo e como eles se conectam (ou não) com a vida moderna. Por exemplo, os Sikh têm entre seus preceitos não cortar o cabelo. Em suma, o festival continua a cumprir sua missão de funcionar como um resumo de (boas) estranhezas. Ótimo que tenha caído no gosto dos brasileiros.

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Visto primeiro na Folha de São Paulo

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