IA deixou a Apple para trás; estratégia ou vacilo? Dá para recuperar?

O mercado reagiu mal com a quebra de expectativa, mas logo em seguida entendeu que a estratégia poderia funcionar. Talvez a Apple não precisasse, de fato, criar um modelo de fronteira para competir com a OpenAI e Google, mas fortalecer o ecossistema de uso por meio de funcionalidades no iOS e aplicativos nativos que pudessem usar, por trás das cortinas, diferentes tecnologias.
Naquela época, eu escrevi uma coluna dizendo que a Apple estava mostrando ao mercado que a IA havia virado commodity, no sentido de que os modelos estavam ficando com um desempenho tão parecido entre si que o mais importante era conseguir criar um ecossistema de uso. A estratégia parecia fazer sentido, mas após um ano, a Apple pouco entregou.
Siri mais inteligente? Ainda não
Muitos serviços não foram bem integrados e a promessa de uma Siri mais “inteligente” deve ficar só para o ano que vem. A Apple justifica que não quer comprometer a experiência dos usuários com um produto inacabado apenas em busca de uma velocidade para competir com outras empresas. Essa é uma posição coerente com a história da Apple – e diverge do que vemos no mercado de tecnologia -, mas ainda assim não deixa de ser um dilema.
Neste mundo da IA, o timing é tudo. A grande aposta para o futuro é que cada pessoa tenha um assistente personalizado acompanhando suas tarefas cotidianas. E é exatamente agora que estamos começando a formar hábitos de uso com chatbots e a escolher nossos assistentes preferidos.
No caso da IA, os mecanismos de memória personalizam a experiência conforme as pessoas mais usam, então é fundamental estabelecer esse vínculo de uso logo no início. Depois vai ficar muito mais difícil um usuário trocar um assistente pelo outro, dada a dependência de uso estabelecida.