ChatGPT sabe horário e local de foto; risco de privacidade – 18/04/2025 – Tec

Novo modelo de inteligência artificial disponível no ChatGPT, o OpenAI o3 é capaz de analisar imagens e indicar, por exemplo, onde uma foto foi tirada, se houver pistas como placas e instalações típicas de um lugar.

Caso descubra o lugar, a IA também é capaz de estimar o horário do clique por meio da posição do Sol e da orientação das sombras.

A nova funcionalidade do chatbot pode ser útil para o usuário relembrar de momentos sobre os quais tem poucas memórias, mas abre espaço para que estranhos identifiquem endereços e hábitos das pessoas, em um momento em que a internet está repleta de imagens pessoais.

Um perfil dedicado à alfabetização digital publicou no X, ex-Twitter: “O Instagram terá de passar a se chamar publique-depois-de-sair-gram.” Era uma referência ao risco de indicar a própria localização a desconhecidos.

Em publicação com diretrizes para usuários, a OpenAI afirma que usar as novas tecnologias para extrair dados de maneira programática ou automatizada viola as normas da empresa. “O uso deve se adequar aos nossos termos de uso”, informa o artigo.

O OpenAI o3 foi lançado junto com duas alternativas, o mais leve o4-mini e o intermediário o4-mini (high). O acesso às novas ferramentas está limitado aos assinantes dos planos ChatGPT Plus (vendido a US$ 20 por mês) e ChatGPT Pro (US$ 200 mensais).

A utilização ainda é limitada devido à alta demanda computacional dos modelos. Para pagantes do ChatGPT Plus, são 50 pedidos semanais para o OpenAI o3, 150 ao o4-mini, e 50 ao o4-mini (high).

A lei geral de proteção de dados não classifica a geolocalização como dado sensível —esse tratamento cabe a informações que gerem risco de discriminação, como orientação sexual, religiosa ou situação e saúde.

Ainda assim, criminosos costumam usar informações como o endereço e outros hábitos para traçar narrativas fraudulentas. Elon Musk, por exemplo, recorreu a uma lei da Califórnia para tirar do ar uma página que relatava todos os trajetos dos jatos do bilionário, alegando que os dados sobre deslocamento geravam risco.

Durante o teste, o chatbot demonstrou que tem padrões de privacidade e não fez buscas aprofundadas sobre a identidade de pessoas pouco conhecidas.

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COMO FUNCIONA

Quando a OpenAI apresentou seus lançamentos na quarta-feira (16), o chefe de pesquisa da startup, Mark Chen, destacou que as novas tecnologias eram capazes de raciocinar tanto com textos quanto com imagens —isto é, cumpre um pedido separando a tarefa em várias etapas.

Com essa abordagem, o ChatGPT consegue replicar técnicas de investigação visual usadas no jornalismo e nas ciências sociais contemporâneas.

No caso da imagem testada pela Folha, o ChatGPT analisou toda a imagem e encontrou placas de sinalização. Depois focou em cada uma delas e usou uma técnica chamada OCR (reconhecimento ótico de caracteres) para extrair o texto das fotos.

Então, a IA usou as informações textuais para fazer pesquisas na internet, indicando que a foto se tratava de uma praça em frente à estação de trem no município de Guararema, na grande São Paulo.

O ChatGPT ainda confirmou que uma praça com aquele nome e que abrigava um centro municipal de atendimento ao turista só existia na cidade em questão.

Para estimar o horário do clique, o ChatGPT considerou informações como a altura da sombra, o comprimento da sombra, as coordenadas do local e a inclinação do sol.

Feito isso, fez cálculos usando linguagem de programação python para estimar um resultado. O resultado é estimado, por isso, a IA entrega um intervalo com o chute mais provável.

Por fim, leu o nome do arquivo de imagem e disse que o horário encontrado era coerente com a nomenclatura.

Sem receber instruções, ainda indicou que a inclinação da sombra era típica do inverno no hemisfério sul.

A reportagem fez testes com outras fotos e os resultados variam.

Por um lado, o ChatGPT precisa de pistas disponíveis na imagem e não consegue recorrer a alguns recursos abertos de informação geográfica, como o Google Maps.

Por outro, a IA também é capaz de reconhecer pistas difusas, como logos de empresas e camisetas de bloco de carnaval. Em um dos casos, diferenciou o Carnaval de Recife do de Salvador pesquisando sobre o site de apostas que patrocinava a festa.

Em geral, o chatbot leva alguns segundos, às vezes mais de um minuto, para processar o pedido, por causa da complexidade da demanda.

Visto primeiro na Folha de São Paulo

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