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Preferência por comida caseira e trabalho flexível: pesquisa indica mudanças de hábitos dos brasileiros pós-pandemia


Após um ano com atividades restritas ao ambiente doméstico, brasileiros dizem que alguns novos hábitos vieram para ficar. Maioria se diz otimista em relação ao próprio futuro, mas preocupações com a saúde e a economia do país superam as expectativas pessoais. Estação Luz, do metrô de São Paulo, lotada na manhã de 25 de maio; 64% dos brasileiros dizem querer usar menos transporte público
Reprodução/TV Globo
Após um ano convivendo com as restrições sociais impostas pela pandemia, os brasileiros demonstram interesse em manter alguns dos novos hábitos adquiridos na crise sanitária. Priorizar a alimentação, o trabalho e os estudos em casa estão entre eles. É o que aponta uma pesquisa realizada pela consultoria estratégica EY-Parthenon, que destaca também a falta do lazer externo.
Realizada entre janeiro e fevereiro deste ano, a pesquisa, batizada EY Future Consumer Index 2021 (índice de consumo futuro, em tradução literal), foi realizada com 15 mil consumidores de 19 países. No Brasil, foram ouvidas 1.007 pessoas, entre homens e mulheres, todas maiores de 18 anos e de várias classes sociais.
Os principais dados do estudo no Brasil são:
70% não comem mais fora de casa;
55% querem manter trabalho flexível;
44% preferem trabalhar em home office;
64% querem usar menos transporte público;
46% pretendem ter lazer fora de casa;
66% consideram sustentabilidade na hora das compras;
55% estão otimistas com o próprio futuro;
97% temem o futuro da economia do Brasil;
96% se preocupam com a família;
96% temem impacto social da pandemia.
Dentre os brasileiros entrevistados, 70% disseram que não consomem mais alimentos fora de casa ou que, ao menos, reduziram este hábito. Para eles, priorizar a alimentação no domicílio levou a mudanças na forma de comprar e preparar os alimentos.
A maioria também relatou boa experiência com o trabalho e os estudos restritos ao ambiente doméstico. Dentre os entrevistados, 55% disseram desejar manter um modelo mais flexível de trabalho, sendo que 44% declararam preferir continuar trabalhando de casa.
“Na comparação com outros países, a expectativa dos brasileiros em relação ao home office é maior”, destacou o estudo.
Já em relação aos estudos, 30% disseram que vão priorizar nos próximos anos a participação em aulas e treinamentos online, sem sair de casa, usando a internet como principal meio de acesso aos conteúdos.
A mudança de hábitos relacionada ao transporte e mobilidade também virou tendência entre os brasileiros. Segundo a pesquisa, 64% dos brasileiros entrevistados disseram que pretendem fazer menor uso do transporte público nos próximos anos, tanto para se deslocar até o trabalho quanto até o local de estudo. Meios alternativos serão prioridade para eles: 47% pretendem se deslocar a pé, enquanto 37% preferem recorrer a caronas.
Saudade do lazer externo
Embora a maioria dos brasileiros tenha apontado o interesse em manter restrito ao ambiente domésticos os hábitos de alimentação, trabalho e estudo e em evitar o transporte coletivo, o lazer em ambientes externos é um anseio da grande maioria.
Brasileiros se dividem entre a vontade de manter hábitos restritos ao ambiente doméstico e o desejo de voltar a ter lazer externo
Daniel Ivanaskas/Arte G1
Dentre os entrevistados, 83% disseram acreditar que, nos próximos meses, poderão frequentar bares e restaurantes, 78% esperam poder viajar de avião, 53% esperam voltar a frequentar shows e outros espetáculos, e 46% pretendem aproveitar momentos de lazer, como férias e feriados fora de casa.
“Como medida de controle do avanço do vírus, a maioria das cidades e municípios no país fechou os espaços de lazer, impedindo o convívio social entre as pessoas. Essa decisão afetou 91% dos entrevistados, que também relatam certo grau de preocupação com a falta de liberdade para aproveitar a vida”, avaliou a líder do segmento de Varejo e Bens de Consumo da EY no Brasil e América do Sul, Cristiane Amaral.
Mudanças nos hábitos de consumo
Para além dos hábitos sociais, a pandemia impactou diretamente na forma como as pessoas consomem produtos e serviços. Uma das tendências apontadas pela pesquisa da EY-Parthenon é que os impactos sociais causados pelas empresas passaram a ter forte relevância na decisão de compra dos brasileiros.
O preço ainda é fator determinante para 82% dos brasileiros na hora das compras. O segundo critério, apontado por 78% dos entrevistados, é se o produto ou serviço fará bem à saúde. Outros 68% destacaram a relevância da disponibilidade de entrega para decidir fechar uma compra.
Todavia, 66% dos brasileiros disseram estar atentos à sustentabilidade da empresa com a qual farão negócio. Para eles, pesam sobre a decisão de compra os valores praticados pelas empresas – 79% destacaram o cuidado com os funcionários e 75% o impacto positivo na sociedade.
“Ter a melhor tecnologia, preço, produto ou serviço não mais é o bastante. É necessário estar atento às novas demandas da sociedade em termos de propósito, sustentabilidade e adoção de uma postura mais ética, que, de alguma forma, criem valor para a vida dos consumidores”, apontou Sergio Menezes, sócio da EY-Parthenon.
A pesquisa mostrou, ainda, que embora tenha havido aumento expressivo das compras online durante a pandemia – só no 1º trimestre de 2021 as vendas digitais cresceram 72% em relação ao mesmo período no ano passado – compras em lojas físicas ainda têm grande relevância.
Metade dos brasileiros entrevistados disseram que se sentem confortáveis em fazer compras presencialmente, em lojas ou supermercados, embora 69% deles tenham dito que vão reduzir a frequência a esses locais. No ano passado, apenas 36% dos entrevistados disseram se sentir confortáveis em fazer compras em lojas físicas.
Otimistas no âmbito pessoal, receosos quanto ao coletivo
A pesquisa da EY-Parthenon também apontou que o brasileiro está mais confiante em relação ao próprio futuro, mas ainda muito receoso quanto ao bem-estar coletivo.
Dentre os entrevistados, 55% se disseram otimistas em relação à própria vida nos próximos meses. Apenas 22% disseram acreditar que 2021 será pior que o ano passado.
Todavia, 97% dos entrevistados se disseram preocupados com o futuro da economia brasileira. Já 96% demonstraram preocupação com o bem-estar de suas famílias e o impacto social da pandemia, enquanto 94% disseram manter preocupação em relação à saúde pessoal.

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