Empresas de tecnologia com uma avaliação de mercado combinada de mais de US$ 8 trilhões estão pedindo que governo Trump repense as restrições de exportação de chips, temendo que empurrem aliados dos EUA para os braços de concorrentes chineses.
O presidente da Microsoft e o CEO da Amazon disseram em momentos separados nesta quinta-feira (27) que a equipe de Trump deveria reconsiderar as regras do governo Biden que limitariam a exportação de semicondutores de inteligência artificial para nações como Israel, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O apelo deles reverberou um pedido semelhante do CEO da Nvidia.
Num momento em que muitas empresas de tecnologia têm se mostrado ansiosas para expressar apoio ao presidente Donald Trump e a suas políticas econômicas, as declarações mostram que elas também têm grandes pedidos.
Aplicada pelo governo Biden, a chamada regra de difusão de inteligência artificial coloca várias nações no segundo nível de uma categoria de três níveis que restringe a exportação de chips usados em centros de dados para treinar modelos de IA.
O presidente da Microsoft, Brad Smith, disse que a política limitava a exportação de chips de IA para “mercados estrategicamente vitais” e poderia levar esses países a recorrer à China para semicondutores avançados.
“Se não for alterada, a regra de Biden dará à China uma vantagem estratégica na disseminação ao longo do tempo de sua própria tecnologia de IA, ecoando sua rápida ascensão nas redes 5G há uma década”, escreveu Smith em um post no blog corporativo da Microsoft nesta quinta.
Horas depois, o CEO da Amazon, Andy Jassy, apresentou argumento semelhante.
“Não sei como esta administração se sente sobre isso, mas diria que compartilhamos a preocupação de que há limitações em certos países que são aliados naturais dos EUA”, disse Jassy em uma entrevista à Bloomberg Television.
“Eles vão precisar de mais chips, e então acho que se não fizermos isso, basicamente vamos ceder esse negócio e esses relacionamentos para outros países, que podem fornecer esses chips”, disse Jassy. “Acho que estamos melhor sendo parceiros deles.”
Trump e sua equipe têm elaborado versões mais rígidas das restrições de semicondutores dos EUA e pressionado aliados-chave a intensificar suas restrições à indústria de chips da China —um sinal de que a Casa Branca está ansiosa para expandir os esforços da era Biden para limitar o poderio tecnológico de Pequim.
A regra, que terá impacto no desenvolvimento de centros de dados em toda parte, do Sudeste Asiático ao Oriente Médio, recebeu duras críticas de empresas como a Nvidia, a principal fabricante mundial de chips avançados de IA.
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, expressou otimismo de que a administração Trump optaria por uma abordagem regulatória mais leve.
A Nvidia também está preocupada com o impacto das restrições de exportação em seus negócios na China.
“As vendas de centros de dados na China permaneceram bem abaixo dos níveis vistos no início dos controles de exportação”, disse a diretora financeira Colette Kress em uma ligação com analistas na noite de quarta-feira.
“Na ausência de qualquer mudança nas regras, acreditamos que os embarques para a China permanecerão aproximadamente no percentual atual.”
Huang disse que a receita da Nvidia na China é metade do que era antes das restrições serem impostas. Mais tarde, ele disse em uma entrevista à CNBC que os chips que ele está autorizado a enviar para a China são 60 vezes menos poderosos do que seus melhores produtos e que a Huawei e outros estão ganhando terreno.
“É difícil dizer se os controles de exportação são eficazes”, disse ele.
Por sua vez, a Microsoft opera ou está construindo centros de dados em vários países sujeitos a limites nas exportações de chips, incluindo os Emirados Árabes Unidos, onde a gigante de tecnologia dos EUA está desenvolvendo centros de dados de IA em parceria com a G42.
A Amazon também possui um negócio global de computação em nuvem. As duas empresas estão entre os maiores clientes da Nvidia, a principal fabricante dos chips de ponta usados em inteligência artificial.