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IA: ‘comoditização’ pode impulsionar Brasil – 16/02/2025 – Ronaldo Lemos

A revolução do DeepSeek é mais profunda do que imaginamos. Vou dar um exemplo. Hoje qualquer startup brasileira pode criar um buscador poderoso, parecido com o Perplexity.

Para quem não conhece, o site faz buscas como o Google. Só que, em vez de retornar só links, ele gera relatórios completos sobre um determinado assunto.

É como se você estivesse contratando uma consultoria para cada tema buscado. O problema é que o Perplexity é de código fechado. O único jeito de usar os serviços da empresa é por meio dos canais que a plataforma oferece.

Se isso não agradar, agora dá para criar a sua própria versão do Perplexity, graças à revolução desencadeada pelo DeepSeek (e seu modelo de código aberto).

Para fazer isso, um desenvolvedor ou uma empresa brasileira pode integrar o modelo mais avançado do DeepSeek (R1) com a Jina.ai, plataforma que permite a construção de buscadores informados por inteligência artificial.

A operação é relativamente simples e o resultado, impactante: um site brasileiro capaz de oferecer um serviço de busca tão poderoso quanto o do Perplexity, considerado líder na área.

Só que o Perplexity precisou de mais de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3,420 bilhões) em investimento. A operação toda usando DeepSeek e Jina ficaria em uma fração disso (milhares e não milhões de dólares).

Esse é o mundo em que estamos entrando, de comoditização da inteligência artificial e suas aplicações. Tanto é que na China há uma multiplicação de empresas de IA. Vou citar algumas: Metaso.ai, Kimi.ia, Doubao, Ernie bot e assim por diante.

Curiosamente, todas estão indo atrás de competir com o Google e com o modelo da Perplexity, apostando em buscas abertas na internet.

Testei o Metaso para entender suas capacidades. Pedi que ele fizesse um relatório sobre o mercado da soja no Brasil atualmente.

O resultado impressiona. Em menos de cinco segundos o modelo produziu um relatório completo e atualizado. Analisou os desafios climáticos e a dependência de fertilizantes.

Investigou a situação das rodovias e portos no país e seus problemas logísticos. Apontou que o produtor tem de lidar com quatro empresas internacionais que controlam 61% do mercado.

Falou da dependência da China. E de como o Brasil tem dificuldades de atuar na formação do preço da soja, mesmo se reduzir o volume produzido.

Se fosse um mestrado seria nota nove. Vale dizer que o Metaso entende perguntas em qualquer língua, mas só responde em chinês. O que não é um problema. É só pedir para outra inteligência artificial traduzir.

Por fim, a revolução do DeepSeek está chegando também nos chips.

Hoje, a Nvidia produz os chips mais avançados e por isso domina o mercado. No entanto, a chegada do DeepSeek fez com que os fabricantes chineses acelerassem seus chips para funcionarem especificamente com o modelo. Empresas como a Muxi, Enflame, Hygon e outras estão fazendo isso.

O resultado é uma queda no custo do hardware para treinar IA, já que chips menos avançados (e baratos) estão sendo modificados para isso. O Brasil e as empresas brasileiras deveriam estar de olho em tudo isso.

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Já era Custo proibitivo para treinar IA

Já é Comoditização da IA

Já vem Maior competitividade em IA


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Visto primeiro na Folha de São Paulo

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