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IA chinesa DeepSeek: OpenAI elogia e promete lançamento – 28/01/2025 – Tec

O CEO da OpenAI, Sam Altman, afirmou que vai acelerar o lançamento de produtos e que vai entregar “modelos muito melhores” após os avanços da startup chinesa DeepSeek que ameaçam a liderança da fabricante de chips dos EUA na corrida por inteligência artificial.

O chatbot de IA generativa da empresa da China é capaz de realizar algumas tarefas no mesmo nível dos modelos recentemente lançados pela OpenAI, Anthropic e Meta, com o anúncio da DeepSeek de que custou mais barato e exigiu um tempo menor para desenvolver.

O lançamento do modelo R1 da DeepSeek na semana passada e sua ascensão ao topo de downloads na loja de aplicativos da Apple desencadearam uma venda de ações de tecnologia durante toda a segunda-feira (27). As ações de empresas asiáticas de tecnologia também caíram na terça-feira.

O Nasdaq caiu 3% e a fabricante de chips dos EUA, Nvidia, que produz os chips usados para treinar grandes modelos de IA, despencou 17%, perdendo quase US$ 600 bilhões (R$ 3,54 trilhões) em valor de mercado.

Na noite de segunda-feira, Altman escreveu no X que o modelo da DeepSeek era “impressionante, especialmente em relação ao que eles conseguem entregar pelo preço”. Porém, ele prometeu mudar a situação. “Obviamente, entregaremos modelos muito melhores e também é legitimamente revigorante ter um novo concorrente!”

Altman, que na semana passada anunciou que investidores gastariam até US$ 500 bilhões (R$ 2,95 trilhões) para construir uma rede de data centers para alimentar seus modelos de IA, acrescentou que os recursos de computação eram “mais importantes agora do que nunca”.

Microsoft, Meta, Alphabet, Amazon e Oracle reservaram US$ 310 bilhões (R$ 1,83 trilhão) em 2025 para investimentos, que incluem infraestrutura de IA, de acordo com dados compilados pela Visible Alpha. Tais estimativas foram baseadas na premissa de que grandes quantidades de poder computacional serão necessárias para avançar as capacidades de IA.

Mas a capacidade da DeepSeek de competir com um orçamento bem menor que a OpenAI —que foi recentemente avaliada em US$ 157 bilhões (R$ 927,87 bilhões)— e outros concorrentes como Anthropic, Google e Meta, levantou questões sobre as vastas somas sendo investidas para treinar a IA.

“Os vencedores não serão aqueles que queimam mais dinheiro…Serão aqueles que encontrarem soluções eficientes”, disse Aidan Gomez, fundador da canadense Cohere, que constrói grandes modelos de linguagem para empresas.

Na segunda-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, chamou o último lançamento da DeepSeek de “um alerta para nossas indústrias de que precisamos estar focados em competir para vencer”.

Trump acrescentou que queria “liberar” as empresas de tecnologia dos EUA e “dominar o futuro como nunca antes”.

Mas os avanços da DeepSeek expuseram riscos para os capitalistas de risco que investiram quase US$ 100 bilhões (R$ 591 bilhões) em startups de IA nos EUA no ano passado. “Agora há um modelo de peso aberto flutuando na internet que você pode usar para iniciar qualquer outro modelo base suficientemente poderoso em um raciocinador de IA”, afirmou Jack Clark, cofundador da Anthropic, em um blog na segunda-feira.

“As capacidades de IA em todo o mundo acabaram de dar um passo irreversível para frente”, acrescentou. “Parabéns à DeepSeek por ser tão ousada ao trazer tal mudança ao mundo!”

O sucesso da DeepSeek complicou o argumento de que pilhas massivas de dinheiro criam uma vantagem intransponível, o que ajudou os principais laboratórios do Vale do Silício a arrecadar dezenas de bilhões de dólares no ano passado.

“Se você é a Anthropic ou a OpenAI, tentando estar na vanguarda, e alguém pode oferecer o que você pode a um décimo do custo, isso é problemático”, avaliou Mike Volpi, que liderou o investimento da Index Ventures na Cohere.

O lançamento repentino do último modelo da DeepSeek surpreendeu alguns na Meta, dona do Facebook, WhatsApp e Instagram. De acordo com um funcionário da empresa, o pensamento interno era por que a empresa não pensou nesse modelo antes.

O diretor-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, que na semana passada disse que espera gastar até US$ 65 bilhões (R$ 384,15 bilhões) para expandir as equipes de IA e construir um novo data center, defendeu o código aberto, posicionando a Meta na vanguarda nos EUA.

“Queremos que os EUA estabeleçam o padrão global de IA, não a China”, afirmou a empresa em resposta à DeepSeek.

O cientista-chefe de IA da Meta, Yann LeCun, disse que “executar serviços de assistente de IA para bilhões” ainda exigiria grandes níveis de poder computacional.

Analistas do mercado e investidores de empresas rivais expressaram ceticismo sobre os baixos custos citados pela DeepSeek no desenvolvimento de seus modelos. Em dezembro, a empresa disse que seu modelo V3, no qual o chatbot de seu aplicativo opera, custou apenas US$ 5,6 milhões (R$ 33,1 milhões) para treinar.

No entanto, acrescentou que esse valor era apenas para a execução final do treinamento, não para o ciclo completo, e excluía “os custos associados à pesquisa anterior e… experimentos em arquiteturas, algoritmos ou dados”.

A DeepSeek atribuiu seu sucesso —apesar de usar chips inferiores aos de seus concorrentes dos EUA— a métodos que permitem que o modelo de IA se concentre seletivamente em partes específicas dos dados de entrada como uma forma de reduzir os custos de execução do modelo.

Para seu último modelo R1, usou uma técnica de aprendizado por reforço, uma abordagem relativamente nova para IA em que os modelos ensinam a si mesmos como melhorar sem supervisão humana. A empresa também usou modelos de código aberto, incluindo o Qwen da Alibaba e o Llama da Meta, para ajustar o modelo R1.

Os avanços técnicos e o interesse dos investidores no progresso da DeepSeek podem pressionar as empresas de IA. “Em geral, esperamos que o viés seja em direção a uma capacidade melhorada, correndo mais rápido em direção à inteligência geral artificial, mais do que a redução de gastos”, comentou a empresa de pesquisa Rosenblatt na segunda-feira.

Pesquisadores e investidores, incluindo Marc Andreessen, traçaram paralelos entre a corrida entre os EUA e a China pela inteligência artificial e a Guerra Fria, quando EUA e a União Soviética duelaram na exploração espacial e no desenvolvimento de armas nucleares.

Stuart Russell, professor de ciência da computação na Universidade da Califórnia, Berkeley, disse que a corrida para o desenvolvimento de IA é “pior”. “Mesmo os CEOs que estão participando da corrida afirmaram que quem vencer tem uma probabilidade significativa de causar a extinção humana no processo, porque não temos ideia de como controlar sistemas mais inteligentes do que nós mesmos”, disse ele. “Em outras palavras, é uma corrida em direção à beira de um precipício”, avaliou.

Com reportagem adicional de Michael Acton, Rafe Uddin e Melissa Heikkilä

Visto primeiro na Folha de São Paulo

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