Nicolelis detona Neuralink, empresa do ‘chip do cérebro’ de Musk
Dos mais de 20 macacos [usados na pesquisa], 16 morreram. Qualquer laboratório de pesquisa americano não duraria uma semana com esse ‘track record’ [histórico]. Se você perde um animal já fica sob investigação por seis meses, se perder o segundo eles fecham [sua empresa]
Miguel Nicolelis
O número de animais mortos em testes da Neuralink é muito maior. De 2018 a 2022, mais de 1,5 mil animais, entre porcos, carneiros e macacos morreram.
Isso levou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos abrir uma investigação por suspeita de violação à legislação que regula o tratamento dos animais em pesquisas, exposições e transportes. Outra organização no encalço da Neuralink é a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos. A empresa foi criada em 2016 a partir de uma união de Musk e oito neurocientistas.
Além das mortes de animais durante os testes, as cirurgias com os primeiros humanos não foram tão bem. Na primeira delas, 85% dos filamentos do implante cerebral não se conectaram ao cérebro.
“Fiz 30 cirurgias de macaco na minha carreira. Nunca um macaco morreu, teve meningite ou um filamento não entrou no cérebro”, diz Nicolelis.
Tática sensacionalista
Médico e neurocientista, Nicolelis é professor emérito da Universidade de Duke e fundador do Instituto Nicolelis de Estudos Avançados do Cérebro. Em 2024, ele comemorou duplamente: pelos 25 anos do artigo pioneiro para a neurociência mundial, assinado com John Chapin; e pelos 10 anos do exoesqueleto, criado por ele, usado por Juliano Pinto, jovem paraplégico, para dar o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil.