500 bilhões e a estratégia política de Trump para a IA
O destaque da vez é a DeepSeek, uma startup chinesa que em apenas dois meses conseguiu treinar um modelo de código-aberto bastante otimizado que rivaliza com o ChatGPT. É um indicativo que a China está conseguindo fazer muita coisa mesmo que os EUA tenham barrado o acesso aos chips mais avançados.
É por isso que os esforços agora são para fazer a América grande e dominante nas próximas gerações de IA. A iniciativa não é exatamente um projeto do governo Trump, mas precisa dele para dar certo. Softbank é a responsável financeira enquanto a OpenAI cuida da parte operacional. E onde Trump entra na história? O mandatário entra como um articulador político para facilitar o processo.
À medida que a Inteligência Artificial ganha mais poderes, o escrutínio público e a pressão por regulações são coisas certas. Neste sentido, o governo executivo pode atuar para criar um ambiente mais desregulado. Poucas horas após o retorno à Casa Branca, Trump revogou a Ordem Executiva do Biden sobre o desenvolvimento ético e responsável da IA, afrouxando as regras e responsabilidades para as empresas treinarem novos modelos.
Em seguida, Trump assinou um novo decreto que visa “tornar os Estados Unidos a capital mundial da inteligência artificial”, disse um de seus assessores no Salão Oval da Casa Branca. A ordem estabelece um prazo de 180 dias para a criação de um Plano de Ação de Inteligência Artificial para sustentar e aprimorar o domínio global da IA dos EUA.
Se por um lado essas mudanças foram comemoradas pelas Bigtechs, as decisões foram vistas com ressalva por pesquisadores da área. O que virá a seguir ainda é incerto, mas marca que a partir de agora a aposta é em um desenvolvimento mais rápido e menos controlado da IA.
Entre tantas dúvidas, resta uma certeza: o futuro da humanidade não está sendo criado coletivamente, mas definido por um grupo restrito de pessoas que domina o desenvolvimento das tecnologias capazes de guiar nossos comportamentos, escolhas e afetos. E com a chegada dos agentes de IA previstos para este ano – modelos que não apenas nos auxiliam, mas podem agir em nosso lugar -, essa concentração de poder se torna ainda mais inquietante.