Motociclistas da 99 temem apreensões em SP: ‘Me sinto procurada’
Tilt apurou que motociclistas estão se comunicando em grupos nas redes sociais para informar sobre blitze tanto na capital, como na região metropolitana. A prática é crime no Brasil, sendo enquadrada pelas autoridades no artigo 265 do Código Penal, que prevê pena de reclusão de um a cinco anos e multa para quem atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviços de utilidade pública.
Medo de acidente a gente sempre tem, mas eu estou acostumado porque transporto pessoas há anos. Já na questão de fiscalização, alguns motoboys têm medo. Não posso falar por todos, mas os que eu converso nos grupos estão com receio por causa [das blitze], que parecem estar aumentando justamente por causa dessa situação. Não sei se a 99 está incomodando a prefeitura também [com o fornecimento do serviço].
Paulo, em entrevista a Tilt
Ana*, de 35 anos, moradora de Diadema, também na Grande São Paulo, disse ter visto mensagens em grupos em que os colegas alertam para as apreensões em blitze. Ela contou que um dos motociclistas avisou sobre uma fiscalização em Osasco, na região metropolitana, onde o transporte por aplicativo em motocicleta é permitido. Muitos trabalhadores, segundo Ana, também preferem não comentar o assunto publicamente porque enxergam a situação como uma “briga de gente grande”.
Para Ana, as ações do prefeito Ricardo Nunes fazem os motociclistas se sentirem de “mãos atadas”. Ela conta que já recebeu corridas para sair de Diadema nesta semana e fazer viagens pela capital, mas decidiu não se arriscar. Mesmo sem oferecer o serviço novo, se sentiu pressionada. A motociclista, que costuma primeiro fazer corridas na sua região para depois realizar entregas na capital, pretende diminuir o ritmo do trabalho por conta da fiscalização, e já se preocupa com o prejuízo financeiro.
Fui fazer entrega na capital e fiquei com receio. Todo mundo que está na rua é mãe e pai de família. É muito difícil estar na rua para a gente, como condutor. Você subiu na moto e já está pressionado. É mal visto. Agora, se você tem um garupa, você é parado em São Paulo. Você não pode estar com o celular no suporte porque você é um suspeito. Está parecendo que somos procurados. Estou me sentindo uma procurada pela polícia, que vai ser presa a qualquer momento. É um absurdo.
Paulo, em entrevista a Tilt
Para Paulo, quem trafega sobre duas rodas está “mais visado” nas blitze. Mesmo com a documentação da motocicleta e CNH (Carteira Nacional de Habilitação) em dia. “Se tivermos com passageiro homem, a polícia realmente para mesmo [porque pensa que pode ser 99Moto ou assaltantes também]. Agora mulher, a polícia não para tanto. É mais difícil. Se tiver dois numa moto, você fica mais visado e é mais parado”, destacou.