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Desemprego tem segunda queda seguida e fica em 14,1% no trimestre terminado em novembro, aponta IBGE


Apesar do recuo da taxa, cerca de 14 milhões de brasileiros permaneciam desempregados. Recuo do desemprego foi puxado pelo aumento do número de trabalhadores ocupados – em três meses, 3,9 milhões de pessoas conseguiram uma ocupação no mercado de trabalho. Desemprego tem segunda queda seguida e fica em 14,1% no trimestre terminado em novembro
O desemprego no Brasil teve a segunda queda seguida em 2020, ficando em 14,1% no trimestre encerrado em novembro, apontam os dados divulgados nesta quinta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, cerca de 14 milhões de brasileiros ainda estavam desempregados.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Coníinua (Pnad). Na pesquisa anterior, referente ao trimestre encerrado em outubro, a taxa de desemprego havia apresentado o primeiro recuo do ano, ficando em 14,3%, 0,6 ponto percentual (p.p.) a menos que no trimestre terminado em setembro.
Desemprego – novembro/2020
Economia G1
Para analisar os dados, porém, o IBGE os compara com o trimestre terminado em agosto, devido à metodologia de coleta dos dados. Nessa base de comparação, o recuo da taxa de desemprego foi de 0,3 ponto percentual (p.p.) – ela era de 14,4% no trimestre terminado em agosto.
O que mostrou a Pnad Contínua de novembro:
A população desocupada ficou em 14 milhões de pessoas;
A população ocupada chegou a 85,6 milhões de brasileiros, alta de 4,8% na comparação com o trimestre terminado em agosto;
O nível de ocupação ficou em 48,6%, 1,8 p.p. a mais que em agosto;
A população subutilizada foi de 32,2 milhões de pessoas, 1,2 milhão a menos que em agosto;
A população na força de trabalho chegou a 99,6 milhões de pessoas, 4,1 milhões a mais que em agosto;
A população fora da força de trabalho somou 76,4 milhões de pessoas, 2,7 milhões a menos que em agosto;
O contingente de desalentados foi de 5,7 milhões, cerca de 100 mil a menos que no trimestre terminado em agosto.
De acordo com o IBGE, a taxa de 14,1% foi a mais alta para um trimestre terminado em novembro desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Na comparação com o mesmo trimestre de 2019, quando a taxa ficou em 11,2%, houve aumento de 2,9 p.p. do indicador.
Retorno ao mercado de trabalho
O número de desempregados variou pouco na comparação com o trimestre terminado em outubro – cerca de 100 mil a menos. Já na comparação com igual trimestre do ano anterior, essa população aumentou em cerca de 2,2 milhões de pessoas. O que explicaria o recuo da taxa de desemprego é o aumento do número de pessoas ocupadas.
De acordo com o IBGE, entre agosto e novembro, cerca de 3,9 milhões de brasileiros conseguiram uma ocupação no mercado de trabalho, um aumento de 4,8% nesse período.
Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, esse aumento da ocupação é explicado pela flexibilização das medidas adotadas para combate da pandemia de Covid-19. Além disso, tem um efeito sazonal de fim de ano, especialmente no comércio.
“O crescimento da população ocupada é o maior de toda a série histórica. Isso mostra um avanço da ocupação após vários meses em que essa população esteve em queda. Essa expansão está ligada à volta das pessoas ao mercado que estavam fora por causa do isolamento social e ao aumento do processo de contratação do próprio período do ano, quando há uma tendência natural de crescimento da ocupação”, explicou a pesquisadora.
Dos dez ramos de atividade profissional investigadas pelo IBGE, nove registraram aumento no número de ocupados, sendo que o comércio registrou o crescimento mais intenso.
“O comércio nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas na ocupação, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira no setor privado que, após vários meses de queda, mostra uma reação”, ressaltou Adriana.
Dos 3,9 milhões de trabalhadores que conseguiram uma ocupação no mercado de trabalho desde o trimestre terminado em agosto, 854 mil (22%) ingressaram no comércio. A analista da pesquisa enfatizou, no entanto, que as outras oito atividades também registraram aumento significativo da ocupação, “mostrando que esse processo de absorção de trabalhadores também avançou em outros setores”.
Das dez atividades investigadas, somente a de outros serviços não apresentou crescimento significativo. Ainda assim, esse ramo viu o número de ocupados aumentar em 181 mil trabalhadores em três meses, o que foi considerado pelo IBGE como estabilidade estatística.
Comércio foi o ramo profissional que registrou o maior aumento absoluto no número de ocupados
Economia/G1
“Embora haja esse crescimento na ocupação nesse trimestre, quando a gente confronta a realidade de novembro de 2020 com o mercado de trabalho de novembro de 2019, as perdas na ocupação ainda são muito significativas”, ponderou a analista da pesquisa.
Segundo Adriana, o levantamento mostrou que o contingente total de pessoas ocupadas no país caiu 9,4% na comparação com o trimestre encerrado em novembro de 2019, o que representa uma redução de 8,8 milhões de pessoas.
“O avanço da ocupação é significativo, tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos, uma vez que vimos o crescimento da população com carteira assinada e a sua disseminação por diversas atividades. Mas a gente ainda está bem distante de um cenário pré-pandemia”, ressaltou.
Informalidade puxa alta da ocupação
Novamente, o mercado informal puxou a alta na ocupação, pressionando a queda do desemprego. Dos 3,9 milhões de trabalhadores que conseguiram se ocupar no mercado entre agosto e novembro, 2,4 milhões são informais, o que corresponde a 62,5% desse contingente.
São considerados pelo IBGE como trabalhadores informais aqueles empregados no setor privado sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem CNPJ, além de pessoas que ajudam parentes.
“Os trabalhadores informais foram os mais afetados no começo da pandemia e também foram os que mais cedo retornaram a esse mercado”, apontou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
Com esse aumento, a taxa de informalidade chegou a 39,1% da população ocupada, o que representa 33,5 milhões de trabalhadores informais no país. No trimestre terminado em agosto, essa a taxa era de 38%.
Adriana ponderou que, no trimestre terminado em agosto, a informalidade havia respondido por 88% do aumento da ocupação. Ou seja, o impacto do trabalho informal foi menor no trimestre encerrado em novembro. Segundo Adriana, isso ocorreu porque houve uma reação mais forte da carteira de trabalho assinada.
O número de trabalhadores com carteira assinada aumentou em quase 1 milhão entre agosto e novembro, o que representa uma alta de 3,1% no período.
No mesmo período, o contingente de trabalhadores domésticos aumentou em 231 mil pessoas (5,1%). Também houve crescimento de 1,4 milhão de pessoas na categoria de trabalhadores por conta própria, o que corresponde a um aumento de 6,6%.
Falta trabalho para 32,2 milhões de brasileiros
A Pnad mostrou, ainda, que 32,2 milhões de brasileiros estavam subutilizados no mercado de trabalho em novembro, 2,7 milhões a menos que no trimestre terminado em agosto, mas 11,3 milhões a mais que no mesmo trimestre de 2019.
O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados (trabalham menos de 40 horas semanais, mas poderiam e gostariam de trabalhar mais), e os que fazem parte da força de trabalho potencial (não estão procurando emprego por motivos diversos), incluindo os desalentados, que são aqueles que desistiram de procurar uma ocupação no mercado.
O contingente de trabalhadores subutilizados em novembro era formado por:
14 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuraram emprego nos últimos 30 dias;
6,7 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;
11,4 milhões de pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial): grupo que inclui 5,7 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 5,7 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
O IBGE destacou que a população desalentada se manteve estável em relação ao trimestre terminado em agosto. Todavia, ela cresceu 22,9% na comparação com o mesmo trimestre de 2019, o que corresponde a 1,1 milhão a mais de pessoas nesta condição.
Relevância da Pnad Contínua
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) é a maior dentre as muitas realizadas pelo IBGE – ela só perde para o Censo Demográfico em termos de magnitude da coleta de dados, que deveria ser realizado a cada dez anos, mas teve a edição de 2020 adiada por diversos motivos e acabou sendo suspenso em decorrência da pandemia.
Com abrangência nacional, a Pnad é realizada mensalmente. Além de ser a principal base de dados sobre o mercado de trabalho no país, ela fornece os mais diversos dados sobre a população brasileira, incluindo moradia, educação e saúde.
Tradicionalmente, a Pnad sempre foi realizada presencialmente, com cerca de 70 mil domicílios, de todas as regiões do país, sendo visitados periodicamente pelos pesquisadores do IBGE. Devido à pandemia do coronavírus, no entanto, a coleta de informações passou a ser feita pelo telefone.
De acordo com o IBGE, cerca de 2 mil entrevistadores estão trabalhando em home office, telefonando mensalmente para a amostra de 70 mil domicílios – 210 mil por trimestre – selecionados previamente em cerca de 3,4 mil municípios de todas as unidades da federação. “Essa amostra permite calcular os dados para o país até o nível de município de capital”, enfatizou o órgão.
Para garantir o sucesso da coleta de dados, o IBGE faz um apelo para que os domicílios selecionados respondam à pesquisa. O órgão enfatiza que os entrevistadores não pedem códigos, não enviam links, menos ainda solicitam dados bancários aos entrevistados.
“Nós produzimos uma informação que é muito desejada pela sociedade. Temos que entender que a sociedade somente vai ter essa informação na medida em que atender aos nossos entrevistadores. Somente por meio do depoimento e informações prestadas por cada um dos informantes é que a gente pode oferecer isso”, enfatizou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
Ao receber uma ligação de alguém que se apresente como entrevistador do IBGE, a pessoa pode confirmar a identidade do entrevistador no site Respondendo ao IBGE, ou via Central de Atendimento (0800 721 8181), conferindo ID, RG ou CPF do entrevistador, que está orientado a informar estes dados quando solicitado.
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