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IA e nuvem embalam resultados de Microsoft e Google – 02/05/2024 – Tec

Os negócios envolvendo inteligência artificial continuam a ditar mais a performance das big techs do que o cenário macroeconômico desfavorável, de juros altos nos Estados Unidos, segundo analistas ouvidos pela Folha.

Microsoft, Google, Meta e Amazon apresentaram no fim do mês passado resultados melhores do que o esperado. Nesta quinta-feira (2), o balanço da Apple apontou vendas menores, mas as ações da companhia manteve cotação estável por citar no documento parcerias em IA.

Entre as big techs, quem oferece inteligência artificial numa ponta e computação em nuvem na outra tem conquistado a confiança do mercado e mantido a tendência de alta, mostram os balanços de fim de abril e início de maio.

Ordenados por valor de mercado, Microsoft, Nvidia, Google e Amazon conseguem lucrar com toda a cadeia produtiva da inteligência artificial, uma vez que vendem soluções e o poder computacional para colocá-las em ação.

Empresa mais valiosa do mundo até o ano passado, a Apple apresentou queda nas vendas neste primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. O mercado financeiro esperava a baixa e já havia subtraído do valor das ações da fabricante do iPhone nos últimos dias.

A gigante dos smartphones e computadores perdeu espaço na China, com o retorno da Huawei à competição, e a retomada da Samsung na liderança do mercado de dispositivos móveis.

Os papéis da fabricante do iPhone, entretanto, apresentaram alta nesta semana, sob influência de acordos anunciados pela Apple com Google e OpenAI para adicionar inteligência artificial aos seus dispositivos.

Esses recursos já estão disponíveis nos aparelhos dos principais concorrentes da Apple —Samsung e Huawei.

A Meta, dona do Facebook e do Instagram, por outro lado, mostrou que não basta acrescentar inteligência artificial aos produtos. “Os investidores querem saber como a empresa vai capitalizar com esses investimentos”, diz Matheus Popst, sócio da Arbor Capital.

Os atores do mercado financeiro indicaram preocupação com a disposição de Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, que anunciou em chamada com investidores que a empresa teria que “aumentar muito” o gasto com chips da Nvidia, antes de ver lucros com a tecnologia.

A fala foi acompanhada de uma revisão para baixo no lucro projetado pela empresa para o próximo trimestre. A empresa vinha de receitas fortes com publicidades, acompanhadas de baixa nos custos após demissões no ano passado.

As ações da Meta se desvalorizaram em 13% no dia 14 de abril. O anúncio da plataforma de inteligência artificial MetaAI em Instagram, Facebook e WhatsApp não pareceu inibir o desânimo.

Em contrapartida, o papel da Nvidia subiu 3% com o indício de alta ainda maior na demanda por poder computacional.

A fabricante de chips divulga seus resultados apenas no próximo dia 22. A empresa revisou para cima em fevereiro a expectativa de lucro para o primeiro trimestre, após anunciar receita recorde para 2023.

Em conversa com a Folha, o diretor da Nvidia para América Latina, Marcio Aguiar, afirmou que a alta procura faz compradores esperarem até sete meses para receberem as unidades de processamento gráficas mais potentes da empresa, essenciais para criar novas inteligências artificiais.

Essa situação se mantém desde o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022.

A Microsoft, ainda a empresa mais valiosa em negociação na Bolsa, aumentou suas receitas em 31% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2023. Os serviços de inteligência artificial representam sozinhos 7%.

A Amazon apresentou desempenho similar e viu seus papéis também se valorizarem.

A novidade é a volta do Google à competição de quem lidera o setor da inteligência artificial.

Após anúncios do novo modelo de IA Gemini e de incremento de inteligência artificial em produtos tradicionais da empresa, o gigante das buscas mostrou resultados fortes no primeiro trimestre e ainda anunciou o primeiro dividendo.

No dia 25 de abril, as ações da empresa se valorizaram 12% e a catapultaram pela primeira vez a uma marca acima dos US$ 2 trilhões de valor de mercado.

De acordo com o analista-chefe da Investing.com, Thomas Monteiro, o Google distribuiu dividendos em um momento cronometrado para atrair investimentos e crucial para o desenvolvimento de inteligências artificiais.

“Os dividendos e recompras anunciados pela Alphabet, holding proprietária do Google, são um sopro de ar fresco para o mercado de tecnologia como um todo e uma estratégia muito inteligente para o gigante dos mecanismos de busca entrar em uma época difícil do ano, com os juros altos.”

Fortes resultados na venda de anúncios também indicam que o ChatGPT não diminuiu o ímpeto das pessoas por fazerem buscas no Google. O número de pesquisas, na verdade, aumentou, e a empresa tem oferecido novidades como a entrega de resumos gerados por IA como resposta.

Visto primeiro na Folha de São Paulo

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