O objetivo de Sara, o primeiro robô humanoide projetado e fabricado na Arábia Saudita, é ser simpática, não entrar em assuntos polêmicos, segundo CEO da empresa que a criou.
“Ela deve ser simpática, não falar de política, não falar de sexo porque estamos na Arábia Saudita. Não deve entrar nesses assuntos”, disse Elie Metri, CEO da QSS AI & Robots, empresa com sede em Riad, ao site Business Insider.
Segundo o executivo, o robô sabe que é uma mulher de 25 anos que mede 1,62 metro e veste a túnica abaya, vestimenta saudita tradicional.
Sara também fala duas línguas, árabe e inglês. Metri disse ao Business Insider que Sara usa um modelo de IA desenvolvido pela empresa, projetado para reconhecer e gerar texto e fala. “Não dependemos de bibliotecas de terceiros, nem mesmo do ChatGPT”, disse.
O sistema legal da Arábia Saudita é baseado na Sharia, a lei islâmica, embora tenha havido tentativas de modernizar a sociedade saudita nos últimos anos. Só em 2018 as mulheres do país ganharam a permissão para dirigir sozinhas. Em 2022, o país condenou uma estudante a 34 anos de prisão por manter uma conta do Twitter e seguir e compartilhar postagens de dissidentes e ativistas.
O CEO disse que Sara ganhou atenção após várias aparições em exposições de tecnologia, dando destaque aos avanços da Arábia Saudita em robótica e IA.
No início deste mês, um incidente envolvendo um outro robô humanoide da empresa, Muhammad, viralizou após ele aparecer em um vídeo apalpando uma repórter durante uma gravação.
Metri disse que não pareceu que Muhammad tocou inapropriadamente a repórter. “Enquanto os humanos estão falando, movemos as mãos, não somos manequins”, afirmou. “O mesmo vale para um robô.”
“Assédio sexual é totalmente diferente de uma mão de robô tocando a jaqueta de uma mulher.”
O executivo, no entanto, disse que não está preocupado com o incidente. “O estranho é que em todo o Oriente Médio, mesmo na Arábia Saudita, ninguém viu isso como algo ruim porque sabem que é um robô”, afirmou.