Os dilemas da inteligência artificial
Desde a ascensão da inteligência artificial (IA), diversos trabalhadores têm perdido seu espaço para a nova tecnologia. Conforme um estudo do banco de investimento Goldman Sachs, divulgado em julho de 2023, a IA poderá substituir 300 milhões de trabalhadores nos próximos anos.
O estudo revela que a Europa e os Estados Unidos seriam os lugares mais impactados, com 1/4 da força de trabalho que provavelmente vai ser substituída por robôs.
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Segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF), em parceria com a Fundação Dom Cabral, até 2027, mais de 20% dos atuais postos de trabalho vão ser modificados. Alguns serão criados, outros vão sofrer alguma transformação, ou até desaparecer.
Afinal, o que é a inteligência artificial?
Em entrevista a Oeste, a professora Talita Salles Coelho, que é engenheira da computação do Centro Universitário FMU, explica que “a IA é um campo da ciência que busca desenvolver sistemas inteligentes, capazes de desenvolver máquinas e empregá-las para realizarem tarefas humanas de maneira autônoma”.
Com essa tecnologia, as máquinas vão se tornar “inteligentes”. Portanto, serão capazes de receber dados, interpretá-los, identificar padrões e, assim, gerar resultados.
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“Desde a década de 1950, a IA vem sendo estudada e diversos trabalhos científicos relevantes vêm sendo desenvolvidos na área”, explica Talita. “Alan Turing, o ‘pai’ da IA, formulou o Teste de Turing, buscando avaliar a habilidade de uma máquina em apresentar um comportamento inteligente, que não pode ser distinguido do comportamento humano.”
A professora disse que, “com o avanço da tecnologia, a IA vem ganhando força”. “Em especial, com o surgimento do ChatGPT, o interesse das pessoas pelo tema aumentou significativamente”, acrescentou.
Como essa tecnologia funciona
Segundo Talita, “o funcionamento da IA baseia-se na combinação do alto poder computacional de processamento, grandes volumes de dados disponíveis e modelos de dados”.
“É importante ressaltar que a IA é uma área muito complexa, que engloba diferentes conceitos”, explica a professora. “Um dos seus principais ramos é o Machine Learning, também conhecido como Aprendizado de Máquina, que permite que o computador se torne inteligente e melhore seu desempenho por meio de uma base de dados.”
Talita disse que, por exemplo, o Machine Learning pode identificar um perfil de um usuário e lhe oferecer recomendações de conteúdo e serviços personalizados, dentre outras funções.
Quais tipos de emprego a inteligência artificial vai “criar” e “extinguir”
Maria do Carmo de Oliveira, coordenadora de Inovação e Empreendedorismo da Área Lifelong Learning, do Centros Universitário FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), revela que, como a sociedade atual é tecnológica, diversas áreas foram automatizadas.
“Então, tudo que é trabalho manual, como técnico em contabilidade, escriturário de contabilidade, caixa de banco e escriturários, tende a ser automatizado”, explica Maria.
A coordenadora também ressalta que, como a “inteligência artificial armazena milhões de dados rapidamente, o trabalho que era feito por um escriturário e que levava muitos dias para o levantamento de dados, hoje por ser feito com apenas um clique”.
A professora Talita disse que setores de atendimento ao cliente, cujas funções envolvem perguntas e respostas frequentes, geralmente “simples e práticas”, poderão ser substituídas.
Por exemplo, em julho deste ano, o diretor-executivo Suumit Shah, da empresa indiana Dukaan, trocou 90% dos funcionários que trabalham no serviço de atendimento ao consumidor por um chatbot de IA, semelhante ao ChatGPT.
Trabalhos manuais e operacionais com tarefas repetidas, call centers com consultas comuns e resolução de problemas simples, transporte com o avanço em veículos autônomos e seguros com avaliação de riscos devem ser impactos pelas novas tecnologias.
Embora diversos trabalhos “comuns” desapareçam, os avanços tecnológicos vão permitir a criação de novos empregos, como desenvolvimento e manutenção de sistemas de IA e “formas de interação do homem com o computador”.
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“É fundamental que os profissionais se adequem e se requalifiquem para os novos cargos e habilidades que serão exigidas”, revela Talita. “Com isso, diminuirá os impactos negativos e os farão aproveitar as novas oportunidades criadas.”
A coordenadora Maria informou que “a parte administrativa” da inteligência artificial ainda precisa de um trabalho de interpretação humana, especialmente nas áreas de desenvolvimento, análise e conexão de dados.
“Cada vez mais o mercado precisa de pessoas com três características vitais: criatividade, poder de resolução de problemas complexos e negociação”, explica Maria. “Essas são características cada vez mais procuradas nos candidatos.”
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A coordenadora ressalta que ainda é necessário compreender as tecnologias usadas em cada área, descobrir quais os softwares e aplicativos utilizados e quais são os melhores sistemas.
“Esses profissionais precisam também saber lidar bem entre equipes, ter uma capacidade boa de relacionamento e competências para resolução de problemas complexos, pois, cada vez mais, os profissionais são multitarefas e precisam interagir com vários times e equipes de trabalho”, acrescentou a especialista.
Veja a matéria original no R7
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