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Vale do Silício ensaia revival de óculos estilo Google Glass – 01/01/2024 – Tec

A busca do Vale do Silício por um dispositivo de consumo que suceda o smartphone reviveu uma ideia que fracassou quase uma década atrás: óculos estilo Google Glass.

A diferença desta vez é que a nova onda de óculos inteligentes, liderada pelos Ray-Bans da Meta, é infundida com inteligência artificial. Desenvolvedores e fabricantes de dispositivos esperam que o acesso constante e fácil a assistentes estilo ChatGPT conquiste os consumidores de uma forma que o Glass não conseguiu fazer.

Grande parte do burburinho em torno dos óculos tecnológicos nos últimos meses tem se concentrado no próximo lançamento da Apple, o Vision Pro, um dispositivo de realidade mista grande e caro que pode exibir hologramas 3D realistas.

Mas alguns dos maiores entusiastas desse tipo de óculos agora estão apoiando o conceito de óculos mais simples que dependem mais da voz do que de imagens.

“Vemos um potencial incrível [para óculos inteligentes], especialmente quando você usa áudio e grandes modelos de linguagem [LLMs, na sigla em inglês] como interface”, disse Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, a fabricante de chips portáteis cujos processadores alimentam os Ray-Bans da Meta, bem como seus óculos de realidade virtual Quest.

No entanto, a aspiração de longa data do Vale do Silício de que os consumidores usem câmeras em seus rostos e conversem com assistentes virtuais por meio de seus óculos não se concretizou.

O Google lançou o Glass, óculos inteligentes futuristas com uma câmera que podia ser controlada por comandos de voz, em 2012.

A empresa abandonou o produto para consumidores no início de 2015, depois que os usuários do headset de US$ 1.500 foram apelidados de “glassholes” por levarem câmeras para situações indesejadas e, em alguns casos, serem agredidos fisicamente.

Isso não impediu que empresas como Magic Leap, Amazon e Snap lançassem óculos inteligentes nos anos seguintes, mas nenhum deles obteve sucesso no mercado em massa.

A primeira versão dos Ray-Bans da Meta, que tinham câmeras e alto-falantes minúsculos embutidos em suas armações, foi lançada em 2021.

Segundo um relatório do Wall Street Journal deste verão, foram vendidas apenas 300 mil unidades, o que sugere que ainda é um produto de nicho. A Meta não confirmou o número.

Mas uma versão sucessora apresentada em setembro possui capacidades aprimoradas de IA. A empresa está testando a capacidade de fazer perguntas ao seu assistente e reconhecer objetos vistos por suas câmeras, com o objetivo de disponibilizar os recursos de forma mais ampla em 2024.

“Acho que surpreendeu muitas pessoas em termos de como esse [novo Ray-Bans da Meta] foi recebido”, disse John Hanke, CEO da Niantic, a empresa que popularizou a realidade aumentada baseada em smartphones com o jogo “Pokémon Go”. “Acho que esta versão é o dispositivo certo no momento certo.”

A Meta não divulgou as vendas do novo headset. No entanto, Hanke, cuja empresa trabalhou com a Qualcomm para construir protótipos de headsets de realidade mista, disse que agora acredita que óculos inteligentes leves e de menor custo são uma “oportunidade muito maior” do que dispositivos como o Vision Pro da Apple, que custará US$ 3.499.

Para a Meta, que investiu bilhões em sofisticados headsets de realidade virtual para imergir o usuário em mundos virtuais, óculos inteligentes sem tela podem parecer muito distantes de sua visão original de “metaverso”.

Mas Mark Zuckerberg, CEO da Meta, disse que espera que os dois tipos de óculos se fundam ao longo da próxima década. Enquanto isso, a incursão da empresa-mãe do Facebook em óculos inteligentes reflete o renovado foco da Meta em IA.

O chefe da OpenAI, Sam Altman, discutiu a criação de um dispositivo vestível de IA com o ex-designer da Apple, Jony Ive, e o chefe da SoftBank, Masayoshi Son, disseram pessoas familiarizadas com o assunto ao Financial Times.

Enquanto isso, a Samsung registrou marcas comerciais nos EUA e no Reino Unido para “Samsung Glasses” e “Galaxy Glasses”, o que levanta especulações de que pode estar trabalhando em um concorrente dos óculos inteligentes da Meta.

“Estamos realmente no limiar de experiências melhores”, disse Carolina Milanesi, analista da Creative Strategies. “É muito diferente da coisa do Google Glass”.

Visto primeiro na Folha de São Paulo

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