Fórum da Unesco discute efeitos do racismo e da discriminação no desenvolvimento econômico dos países
Evento acontece em São Paulo, de 29 de novembro a 1º de dezembro; painéis podem ser acompanhados online. Emprego: a taxa de desocupação entre os brancos (5,9%) foi bem menor que para os pretos (9,6%) e pardos (8,9%).
Jonathas Lins/Secom Maceió
Em sua 3ª edição, o Fórum Global contra o Racismo e a Discriminação 2023, uma iniciativa da Unesco, acontece nesta semana, em São Paulo.
Com o tema “Rumo ao avanço: a igualdade racial e a justiça no topo das agendas de desenvolvimento”, o evento discute o impacto do racismo, da homofobia e da discriminação contra mulheres sobre a economia mundial.
Segundo a Unesco, a edição se concentrará “na importância de colocar as questões raciais no centro das estratégias de desenvolvimento e implementação, com vistas ao desenvolvimento socioeconômico”.
O fórum é mais uma iniciativa do programa de Apelo Global contra o Racismo da Unesco, aprovado em 2020 pelos membros do Conselho. A ideia é criar estratégias de desenvolvimento socioeconômico, em um ambiente que sofre com efeitos da discriminação.
Como descreve a Unesco, os debates tratarão de:
formulação de políticas inclusivas;
promoção da igualdade de gênero;
fortalecimento das capacidades da sociedade civil;
métodos para abordar a inteligência artificial e seu papel na perpetuação do racismo;
entre outros.
“O Fórum também pretende lançar uma rede de autoridades nacionais para acelerar o desenvolvimento de políticas públicas e soluções inovadoras em prol dos valores da paz, da dignidade humana, da igualdade, da não violência e não discriminação, bem como um relatório sobre as perspectivas regionais e dados sobre discriminação racial no mundo digital”, diz a Unesco.
Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, a diretora-geral adjunta do setor de Ciências Sociais e Humanas da Unesco, Gabriela Ramos, explica que o fórum se tornou referência nos debates porque foi a primeira iniciativa que conseguiu consolidar as ideias de pessoas que tomam decisões nos níveis político, acadêmico, intelectual e pessoas que vivem a discriminação.
“Tivemos discussões com afrodescendentes, indígenas, comunidade LGBT. E são os participantes que apontam quais as ações a seguir. (…) Para nós, interessa que todos os países tenham suas legislações, instituições e recursos bem empregados”, disse ela ao Valor.
No Brasil, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada na última semana, mostra que a taxa de desocupação entre os brancos (5,9%) foi bem menor que para os pretos (9,6%) e pardos (8,9%).
A divisão de gênero mostra que os homens também tiveram taxas de desocupação significativamente menores que as mulheres, de 6,4% contra 9,3% no terceiro trimestre.
Nesse sentido, o fórum da Unesco terá painel exclusivo que discutirá como os líderes brasileiros e internacionais, do movimento sindical e de outras organizações trabalhistas enfrentaram esses desafios de inclusão.
Serão discutidas também as maneiras para melhorar as condições de trabalho e ajudar todos a se beneficiarem de oportunidades de emprego livres de discriminação.
Mas os painéis se estendem para outros desdobramentos, como a maneira em que o racismo, junto com a classe social, gênero e sexualidade são mensuráveis no acesso à educação, à justiça e à saúde.
Os painéis acontecem de 29 de novembro a 1º de dezembro, e podem ser acompanhados online.
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